250 mil anos de construção de ferramentas de crença no pós-vida

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Publicado em 30/07/2023 às 0:00

CARLOS EDUARDO POLONIO

O pós-vida é um tema que intriga muita gente há muito tempo. O que haverá depois que o corpo físico não consegue mais dar conta de sua humana condição? O que haverá além das portas da morte? O que se pode levar daqui no pós-vida?
Em documentário lançado recentemente na plataforma Netflix intitulado ‘Explorando o Desconhecido – Caverna dos Ossos’, a intrigante jornada exploratória de paleoantropólogos sul-africanos descobre um novo hominídeo, o Homo Naledi, que teria entre 250 a 300 mil anos. Argumenta-se que esses seres, não humanos, podem ter pensado no pós-vida porque "os achados sugerem enterros intencionais, o uso de símbolos e atividades com produção de significado e práticas complexas relacionadas à morte", explica o Dr. Lee Berger (2015), líder da pesquisa. Um dos achados é uma criança Naledi sepultada com uma ferramenta de pedra em uma das mãos. Os pesquisadores enfatizam que os primeiros sepultamentos são datados de 100 mil anos, ou seja, os Naledi são muito anteriores aos registros históricos dos primeiros funerais realizados por humanos.
O Espiritismo, ciência de observação, doutrina filosófica e religião fundada por Allan Kardec na França do século XIX, apresenta explicações para os grandes dilemas existenciais a partir da revelação dos Espíritos – que são as almas daqueles que já estiveram no mundo físico e que agora compõem o Mundo Espiritual. Em 1859, no livro ‘O que é o Espiritismo’ (FEB, 2013), Allan Kardec afirma que o Espiritismo é “uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal". Essa obra contém respostas às questões mais comuns de curiosos e interessados, além das noções elementares do Espiritismo e as soluções de alguns problemas pela Doutrina Espírita.
A Doutrina Espírita nasce atendendo a promessa de Jesus Cristo, quando afirma que enviaria um Consolador que ficaria eternamente conosco. As vozes do além, retiradas do misterioso e sobrenatural, falam aos quatro cantos do mundo, chamando os seres à melhora progressiva para o bem, o belo e o justo. Essas manifestações dos Espíritos, mais ou menos ostensivas, pretendem fazer despertar os incrédulos para a imortalidade da alma, a continuidade da vida além da existência física e a comunicação constante entre os planos da vida.
Para o Espiritismo, Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas; o Espírito é imortal, teve início, mas nunca terá fim; os Espíritos se põem em comunicação com os vivos; as existências corporais são muitas; habitamos muitos planetas nesse imenso universo e que cada ser foi criado para evoluir infinitamente.
A descoberta dos Homo Naledi nos leva à reflexão sobre a humana condição na Terra, o Espiritismo nos convida fazer o bem e não desejar o mal, condições essenciais para nos libertarmos de nossas fragilidades e nos prepararmos para assumir o papel de auxiliares na divina obra de progresso de todos os seres.
A morte nada mais é que a destruição do corpo material. Quando isso ocorre, o Espírito pode viajar pelo espaço infinito, reencontrar os que partiram antes, entrar em contato com os que ficaram na Terra e seguir sua jornada de melhoramento. Nas portas da morte, cada indivíduo encontra aquilo que construiu com as próprias mãos, sem desconto ou acréscimo de qualquer natureza. O que podemos levar no pós-vida é tudo aquilo que cabe no coração, as doces virtudes, o caráter, a simplicidade e a fé.

Carlos Eduardo Polonio é trabalhador voluntário da Federação Espírita Pernambucana (FEP)

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