Finalidade imutável

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JC

Publicado em 17/09/2023 às 0:00
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REVRENDO MIGUEL COX

“Se disser o pé: porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. Se o ouvido disser: porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde, o olfato? Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve. Se todos, porém, fossem um só membro, onde estaria o corpo”? (1 Coríntios 12:15-19)

Seria possível jogar voleibol com bola de basquete? Ou jogar tênis com bola de futebol? Ou, ainda, jogar futebol de salão com bolinha de ping-pong? Imagine, agora, um juiz, exclusivo de jogo de futebol, sendo de supetão convocado para apitar um jogo de basquete, será que daria certo? Seria possível utilizar um potente telescópio para fazer pesquisas em laboratório de análises clínicas? Certamente que nada disso daria certo. Todas as coisas têm o seu devido lugar. Cada uma criada ou elaborada com finalidades específicas.
O nosso corpo físico é formado de órgãos e membros com funções específicas e cada um deles no seu devido lugar. Os pés sustentam o corpo retilíneo e são usados para locomoção, eles não gozam da autonomia de serem outra coisa além de pés! O nosso fígado não pode decidir ser estômago porque simplesmente cansou de ser fígado e agora quer se sentir estômago! Essas opções não existem nos órgãos e membros do nosso corpo.
Da mesma forma, cada um de nós fomos criados com finalidades definidas e estas são imutáveis. A força determinante da natureza, criada por Deus, não nos dá opção de mudanças estruturais. Não se vê trator competindo em corrida de Fórmula 1, nem se vê atleta olímpico num prado competindo com cavalos! Isso é tão óbvio quanto o desejo de querer que o meio-dia se transforme em noite escura, o simples desejo não fará que isso aconteça. Certas ideias são absurdas, ridículas e impossíveis de se modificar.
Nós nascemos com propósitos definidos, nada podemos fazer para mudar, e temos de aceitar numa boa, com alegria, porque vamos dar certo do jeito que somos e como somos. As nossas energias devem marchar em direção àquilo para o qual fomos feitos. Aceitar-se a si mesmo deve ser o que de mais natural existe. Negar esta verdade só traria frustração e desgosto aos nossos dias de vida aqui na terra. Além do aspecto físico, há o moral, espiritual e psicológico, que estão em harmonia com o ser. Isso tudo é muito lindo e perfeito.
Vivemos a realidade de que a distorção está em moda. O profeta Isaías também viveu numa época assim. Setecentos anos antes de Cristo, ele escreveu: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridade luz e da luz, escuridade; põem o amargo por doce e o doce, por amargo” (Isaías 5:20). Ele se refere a distorção de valores e de tudo o que conspira contra o propósito para o qual se veio à existência. Não nos deixemos iludir por discursos vazios e inconsistentes com a realidade do mundo. Nada irá funcionar longe da finalidade imutável que foi criada.
Permita-me encerrar este pequeno artigo com mais analogias. Não se põe motor de carro em uma motocicleta e vice-versa. Você sabia que um elefante corre tanto quanto um cavalo? Mas não daria certo se colocássemos no cavalo as patas do elefante nem no elefante as patas do cavalo. Alguém consegue adoçar o seu café da manhã com sal, embora o sal refinado e o açúcar refinado sejam semelhantes na aparência? Temos de aceitar e respeitar a essência de tudo o que está ao nosso redor para o nosso próprio bem-estar e para o bom funcionamento.
“Se disser o pé: porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo”, os pés sempre serão pés, e as mãos, mãos, e os dois formam a harmonia do corpo em conjunto com as demais partes. A suposta “rebeldia” ou “queixa” ou, até mesmo, “revolta” dos pés não o eliminam do corpo. Nem ele mesmo tem a autonomia de vontade e força para se transformar em mão ou outro órgão do corpo. E se quisesse, num ato extremo de insanidade, ser arrancado do corpo, não seria mais nada e, por cima, prejudicaria todo o corpo. O corpo conseguiria viver sem os pés, mas os pés estariam mortos desde o momento de sua remoção. Restaurá-lo ou reimplanta-lo na sua perfeição anterior, seria impossível!
A sabedoria da vida está em aceitar as coisas do jeito que são. A nossa expertise de desejar modificar algumas coisas que jamais podem ser modificadas sem causar danos irreparáveis, deve ser contida pelo nosso bom senso. E, qual o propósito de se tentar transformar algo que funciona perfeitamente e cumpre a sua finalidade? Chamo a atenção para o perigo irreversível e o dano permanente que se pode causar por causa de atitudes e resoluções tomadas sem a devida análise de suas consequências. Não se mexe no que é imutável!

Rev. Miguel Cox é mestre em Teologia e pastor evangélico

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