UBIRAJARA EMANUEL TAVARES DE MELO
Tendo frequentemente recebido de alguns leitores a indagação se o espiritismo é ao mesmo tempo ciência e religião, tenho feito esclarecimentos com base na literatura e experiências realizadas.
Inicialmente é necessário definir o que é religião e o que é ciência. O conceito de religião tem origem na palavra religare e segundo o escritor cristão Lactâncio, é a religação do homem com Deus. Através dos tempos foram criadas milhares de religiões que adotaram dogmas, rituais, altares, sacerdotes e chefes. O Espiritismo difere de outras religiões porque além de não adotar dogmas e não ter chefes nem sacerdotes, tem como fundamento moral o Evangelho de Jesus, tendo inclusive, entre as suas obras da codificação espírita, editado em 1864, O Evangelho Segundo o Espiritismo, contendo a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação as diversas posições da vida.
Por outro lado, a religião e a ciência, embora ambas busquem transcender a dimensão humana através de ideal abstrato de perfeição, na ciência o objetivo é obter o conjunto final de leis que descrevem os fenômenos naturais, enquanto na religião há a busca de se aproximar da perfeição de Deus. Não foi sem razão que Einstein declarou que a ciência sem religião é paralítica e que a religião sem ciência é cega. Assim é que a doutrina Espírita também é ciência quando busca esclarecer os fatos, ditos paranormais ou que estejam acima e além do conhecimento humano. É engano se pensar que foi Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita que criou as teses reencarnatórias ou a ideia de que o espírito é imortal e se comunicam com os vivos.
A literatura universal, milenar, dos primórdios da civilização humana narra sistematicamente os fatos divulgados pelo espiritismo. Desde os Vedas, passando pelos Árias, Upanixades, no Código de Manu e os Puranas, emigrados para a Índia mil anos antes de Cristo, defendiam a reencarnação. Assim vários escritores antigos e modernos como Cervantes, Heródoto, Pitágoras, o livro dos mortos dos egipícios editado há mais de dois mil anos, Confúncio, Virgílio, Platão, Schopenhauer, Lessing, Hegel, Leibnitiz, Heder e Ficthe e pesquisadores e cientistas multidisciplinares Ian Stevenson, médico pesquisador da Virgínia University, o Dr. H. N. Banerjee, também médico psiquiatra indiano, Dra. Heleu Wambach, psicóloga americana e grandes psicoterapeutas nos Estados Unidos, Rooger Woogler na Inglaterra, Patrick Druout na França, Thorwald dethlefsen na Alemanha e Hans Tendan na Holanda. Todos eles antes e depois de Kardec debateram os temas que são os postulados do Espiritismo, de modo sistematizado e adotando os métodos científicos. É necessário observar que não foi mencionada qualquer obra dita espírita, sequer uma das 500 obras psicografadas pelos médiuns renomados e conhecidos mundialmente, tais como Chico Xavier e Divaldo Pereira Franco.
Contudo, hoje em dia vamos encontrar na física quântica a grande busca pelo estudo da imortalidade da alma.
Assim é que o professor e ph.D em física quântica Amit Goswami, da Universidade de Calcutá e professor emérito do Departamento de Física da Universidade de Oregon, EUA, referência mundial em estudos que buscam conciliar ciência e espiritualidade, em seu mais recente livro “A Física da Alma”, editado pela Aleph, dá uma explicação cientifica da reencarnação e a experiência de quase morte, provando a existência da alma de forma quântica, explicitando que a consciência não é o cérebro e sim, o espírito.
É claro que o leitor interessado em saber mais detalhes o que seja o espírito e a vida espiritual e obter respostas da existência e dos conflitos, terá que se debruçar sobre os estudos doutrinários e científicos para entender porque vivemos e sofremos e da necessidade que temos de cumprir o Evangelho, notadamente ao que se refere ao ensino do Mestre Jesus.
Ubirajara Emanuel Tavares de Melo, é advogado e membro do NEIL – Núcleo Espírita Investigadores da Luz- [email protected]