CARMEN LÚCIA MACIEL
Ouvi e acompanhei, como terapeuta, muitas pessoas ao longo da minha vida profissional. Aprendi nos livros, mas, muito mais com aqueles a quem tive o privilégio de tratar e acompanhar.
No início, o trabalho do psicólogo era pouco conhecido e havia um certo receio de procurar esse tipo de profissional. À medida que o trabalho foi crescendo e sendo divulgado, a aceitação aumentou e hoje é bem valorizado. Alegro-me em ter feito meu papel neste contexto.
No trabalho em hospitais, lutei sempre pela humanização do cuidado com a saúde, percebendo a pressão despersonalizante que o sistema cria para os pacientes, mas também para os agentes de saúde. Nessa época - espero que tenha mudado - não havia muito interesse na subjetividade do paciente, apesar de se perguntar como ele se sentia. E estabelecer essa comunicação era o propósito do meu trabalho no hospital.
Tive a alegria de ser uma das pioneiras no desenvolvimento da Psicologia Clínica Hospitalar, fazendo parte de uma geração que mudou muito o mundo em geral.
O que tenho a dizer aos que estão começando a vida? Talvez que vivam com intensidade cada dia, um a um. As alegrias, as dores, o tédio, o cansaço, as esperanças. Não deixem pendências, nem de trabalho nem afetivas.
Vivam atualizados com seus sentimentos. Aprendam a perder com elegância, tirando um aprendizado das situações sem mergulhar na culpa. Aliás, culpa não serve para nada de construtivo. Em vez de ficar se culpando, assuma a responsabilidade pelo que fez e conserte os seus erros. Todos vão lucrar com isso, principalmente você.
Enfrente a mágoa e a raiva daqueles a quem feriu e repare o seu erro. Há algo de grande nessa atitude: reconhecer o erro, ir atrás e repará-lo. Aguente o tranco. Vai libertar a sua alma.
E ajudar a ser feliz.
Carmen Lúcia Maciel frequenta a Igreja Episcopal Carismática, é professora aposentada da UFPE, especialista em Psicologia Social e mestre em Antropologia Social. Professora homenageada vários anos seguidos. Trabalhou em consultório particular de 1973 a 2023