Por que os católicos veneram relíquias?
A Igreja sempre venerou as relíquias. É tão importante para a Igreja que, quando da dedicação de um altar, é aconselhado colocar uma relíquia nele
PADRE BIU DE ARRUDA
Relíquia é um fragmento do corpo de um santo. Geralmente, dos ossos, venerados com grande respeito pelos católicos, pois os corpos dos santos foram templos, moradas do Espírito Santo. Pode ser também outra parte do corpo. Em geral, as relíquias são classificadas como de primeiro, segundo e terceiro grau. A relíquia de primeiro grau é uma parte do corpo. A de segundo grau é um objeto pessoal do santo. Por exemplo: uma sandália, um terço, uma túnica etc. Já a relíquia de terceiro grau é um objeto da pessoa que tenha tocado no corpo do santo. A Igreja sempre venerou as relíquias. É tão importante para a Igreja que, quando da dedicação de um altar, é aconselhado colocar uma relíquia nele.
Não falta alguém para inferir que os católicos “adoram” restos mortais. Ou que os restos mortais não têm valor algum. Morreu, acabou. A Igreja sempre respeitou o corpo. E percebeu, com o passar do tempo, que Deus age por meio das relíquias. Por essa razão, é proibida a sua comercialização, podendo configurar simonia. Assim prescreve o cânone 1190 do Código de Direito Canônico. Sem esquecer que no Concílio de Trento, os padres conciliares fizeram um decreto sobre a veneração das relíquias; basta ver no compêndio de definição de fé e moral, (Denzinger n. 1822). Convém lembrar também, que Santo Tomás de Aquino, na Suma Teológica na parte III, questão 25, artigo 6, fala acerca da veneração das relíquias e o seu valor.
Os fiéis cristãos católicos têm um respeito profundo pela relíquia. Venerar uma relíquia é lembrar com muito amor e carinho aquele/a que viveu com profundidade o Evangelho e, por isso, depois de celebrar a sua páscoa definitiva e estando na visão beatífica, Deus usa do seu corpo ou objeto para realizar obras maravilhosas.
As Sagradas Letras atestam o valor das relíquias. Senão veja: o Antigo Testamento – em um livro histórico - apresenta um fato miraculoso que aconteceu por meio das relíquias. Assim fala o autor sagrado: “Eliseu morreu e foi enterrado. Todos os anos, bandos de moabitas faziam incursões no país. Certa vez, alguns homens avistaram um desses bandos. Jogaram o corpo dentro do túmulo de Eliseu e foram embora. Aconteceu que o corpo tocando os ossos de Eliseu, reviveu e se colocou de pé” (2Rs 13, 20-21). Há também o fato de colocar o báculo de Eliseu sobre o doente e ele ficou curado.
O autor sagrado deixou registro primoroso sobre relíquia no Novo Testamento. Quando o Divino Carpinteiro caminhava, houve uma ação miraculosa por meio do seu manto. O texto sagrado fala acerca da mulher hemorroissa. Assim ela disse: “se eu tocar no manto dEle, ficarei curada; ao tocar, a hemorragia estancou imediatamente” (Mc 5, 28-29). Há outro fato bíblico no Novo Testamento, que demonstra o valor da relíquia. Merece atenção o que houve com os enfermos quando usaram objetos que pertenciam a São Paulo. O relato bíblico é maravilhoso. “Deus realiza milagres extraordinários pelas mãos de Paulo, a tal ponto que pegavam lenços e aventais usados por Paulo para colocá-los sobre os doentes, e estes eram curados de suas doenças e os espíritos maus eram afastados” (At 19, 11-12). Prova inequívoca de que as relíquias não são amuletos e muito menos peças de superstição, como alguns pensam, mas objetos de veneração que, por eles, Deus age.
O autor bíblico registrou - com cuidado e zelo - o fato de que bastava a sombra de Pedro tocar nos doentes para eles ficarem curados. Houve verdadeiras curas. As pessoas eram libertas. Assim está escrito: “o povo levava os doentes às ruas em camas e macas para que a sombra de Pedro cobrisse alguns deles, enquanto ele passava. Muita gente vinha das cidades ao redor de Jerusalém, trazendo doentes e atormentados por espíritos impuros, e todos eram curados” (At 5, 15-16). Mais uma maravilha da ação de Deus por meio de um homem de fé. Portanto, aí está a razão pela qual a Igreja venera as relíquias.
Padre Biu de Arruda é Pároco da Paróquia Santa Luzia