CRISE IMOBILIÁRIA: o que está acontecendo na China?
A proporção da demanda econômica chinesa e produção imobiliária é tão grande que, para além das suas fronteiras orientais, o impacto pode chegar até mesmo ao Brasil
O mercado imobiliário da China - segunda maior economia do mundo - de novo está em maus lençóis, e engana-se quem pensa que isso é um problema restrito aquela país.
A proporção da demanda econômica chinesa e produção imobiliária é tão grande que, para além das suas fronteiras orientais, o impacto pode chegar até mesmo ao Brasil - grande parceiro comercial chinês.
Mas o que está acontecendo no mercado imobiliário da China?
Mais uma vez, a exemplo do que já aconteceu com a Evergrande, construtoras e incorporadoras chinesas estão com sérios problemas de endividamento. A situação é explicada pelo fraco apetite de consumo chinês, que afeta inclusive a compra de novos imóveis, e as dificuldades de caixa das empresas de cobrirem essa defasagem no mercado.
O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, explicou que a China vive no momento um dilema entre os remédios a adotar para manter a estabilidade financeira e de ciclo econômico.
Galípolo disse que o país asiático está mudando seu polo de crescimento calcado agora em tecnologia e consumo. "A desaceleração daChinaé resultado de uma transição, sem representar uma ruptura", disse.
O presidente da China, Xi Jinping, prometeu no fim do mês de setembro que o governo expandirá o controle macroeconômico para "acelerar a construção de um novo desenvolvimento e de demanda doméstica efetiva", reportou aCCTV. Xi afirmou que as medidas objetivam estimular a vitalidade de empresas locais e melhorar as operações econômicas chinesas.
Mas na prática, não é bem isso que tem acontecido, sobretudo no setor imobiliário.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vê um "problema grande" no setor de construção civil da China, com reestruturação das dívidas de algumas empresas imobiliárias.
Segundo o banqueiro central, uma mudança relevante é o comportamento do governo chinês, que parece disposto a deixar que alguns bancos pequenos e companhias do setor quebrem nessa crise.
"O que a gente tem visto mais recentemente, ao contrário da última crise, é que o governo chinês está disposto a deixar alguns bancos pequenos quebrarem, entendendo que houve um excesso. E também existe uma disposição de deixar algumas empresas imobiliárias quebrarem", afirmou o presidente do BC.
CRESCIMENTO ECONÔMICO
O Banco Mundial reduziu a previsão de expansão econômica para a China neste ano para 5,1%, de 5,6% projetado em junho, diante das dificuldades internas persistentes do país, incluindo o enfraquecimento da recuperação vinda da reabertura da economia, o endividamento elevado e a fraqueza no setor imobiliário.
Se a China cresce menos, não é só ela que sofre. O Brasil, grande exportador parceiro da China, passa a vender menos, o que gera impacto nos resultados econômicos locais.