Valorização de imóveis mantém desaceleração
Entre as dez capitais analisadas, as exceções em termos das comparações entre as variações mensais de outubro e novembro, foram Curitiba e Brasília
Em novembro, o IGMI-R/ABECIP manteve a trajetória de desaceleração no resultado acumulado em 12 meses, passando de 9,23% em outubro para 7,86%, após a variação mensal entre os dois períodos passar de 0,75% para 0.19%. Entre as dez capitais analisadas, as exceções em termos das comparações entre as variações mensais de outubro e novembro, foram Curitiba e Brasília, as únicas duas apresentando aceleração entre os dois períodos.
Esse resultado, no entanto, não foi suficiente para que essas duas capitais deixassem de registrar quedas nas variações acumuladas em 12 meses, a exemplo de todas as demais. Fortaleza, que já havia registrado variação mensal negativa em outubro, teve novamente variação negativa em novembro, apesar do resultado ficar próximo da estabilidade.
Na perspectiva dos resultados acumulados em 12 meses em termos reais, as evoluções do IGMI-R/ABECIP e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA/IBGE), incorporando os últimos resultados de novembro, são notadas em três momentos no passado recente. A partir de 2021, os dois indicadores possuem tendência conjunta de elevação, sendo a aceleração do IGMI-R/ABECIP superior à do IPCA. A partir de meados de 2022 a tendência passa a ser de desaceleração, praticamente de forma contemporânea entre os dois.
CENÁRIOS DO MERCADO
O momento atual, iniciado em meados de 2023, apresenta o IPCA convergindo para uma variação anual em torno de 4%, ao passo que o IGMI-R/ABECIP ainda registra variações superiores em nível, mas em contínua desaceleração. Em resumo, os preços dos imóveis residenciais ainda registram ganhos em termos reais nesse final de 2023 (tomando o IPCA/IBGE como base de comparação), mas esses ganhos vêm decrescendo nos últimos meses.
Essa desaceleração nas variações reais dos preços dos imóveis residenciais envolve um ajuste nesse mercado, na medida em que desde o final de 2019 os preços nominais cresceram em ritmo superior ao dos índices de preços ao Consumidor. Adicionalmente, apesar da resiliência observada no mercado de trabalho nos últimos meses de 2023, a desaceleração do nível de atividades em geral diminui o espaço para uma trajetória de variações mais expressivas nos preços reais dos imóveis residenciais.
SONDAGEM DA CONSTRUÇÃO
Dentro desse contexto, na última leitura da Sondagem da Construção Civil (IBRE-FGV), os empresários do setor antecipam uma nova desaceleração na Demanda Prevista para os próximos 3 meses.
Porém, nessa mesma pesquisa, os empresários antecipam alguma melhora na Tendência dos Negócios para os próximos 6 meses. Essa melhora é modesta, face a incertezas que perduram sobre o quadro macroeconômico, mas as condições de crédito imobiliário devem ser positivamente impactadas pelo ciclo de queda nas taxas de juros, fator que provavelmente deve resultar na manutenção da valorização real dos imóveis residenciais, ainda que em patamares inferiores aos registrados desde 2021.