Condições financeiras da indústria da construção pioraram, segundo CNI
Índice de satisfação com a situação financeira passou para insatisfação, após queda de três pontos no primeiro trimestre de 2024
Empresários da indústria da construção registraram insatisfação com as condições financeiras no primeiro trimestre de 2024, aponta a Sondagem Indústria da Construção. Na transição do último trimestre de 2023 para o primeiro deste ano, o índice de satisfação a situação financeira recuou de 50,3 para 47,3 pontos (-3,0 pontos). Valores acima de 50 pontos mostram satisfação e valores abaixo dos 50 pontos apontam insatisfação.
“Mesmo com as seis quedas sucessivas na Selic, o empresário da construção ainda considera as taxas de juros altas, apontando esse problema dentre os três principais. Isso, provavelmente, está afetando as condições financeiras, que pioraram no trimestre”, explica a economista da CNI, Paula Verlangeiro.
Da mesma forma, o índice de satisfação com a margem de lucro operacional caiu de 45,6 pontos para 43,6 pontos (-2,0 pontos) de um trimestre para o outro e segue abaixo da linha divisória de 50 pontos. O índice de facilidade de acesso ao crédito também caiu 0,6 pontos e indica que os empresários continuam com dificuldade para acessar crédito.
EVOLUÇÃO DO PREÇO MÉDIO DE INSUMOS
O único indicador de condições financeiras que apresentou desempenho positivo foi o índice de evolução de preço médio dos insumos, de 61,8 pontos para 58,6 pontos (-3,2 pontos) na transição dos trimestres, e mostra que o aumento dos preços dos insumos foi menos intenso e mais restrito entre os respondentes.
A Sondagem Indústria da Construção é realizada mensalmente, em parceria com 23 Federações de Indústria e com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
ATIVIDADE DA CONSTRUÇÃO E EMPREGOS
O índice de evolução do nível de atividade ficou em 48,4 pontos em março de 2024 e permaneceu abaixo da linha divisória dos 50 pontos. Porém, quando comparado com fevereiro, houve alta de 2,2 pontos, o que indica queda da atividade menos intensa e disseminada que a do mês anterior.
Já o índice de evolução do número de empregados ficou em 46,8 pontos em março de 2024 (+ 0,8 ponto). Assim como o nível de atividade, o índice ficou abaixo dos 50 pontos e indica queda do emprego, porém o valor do índice ficou acima da média para o período (45,1 pontos).
PROBLEMAS
No primeiro trimestre de 2024, o problema de falta ou o alto custo de trabalhador foi citado por 28,2% das empresas, entre os principais embates enfrentados pelo setor. Neste trimestre, foi registrada alta significativa de 6,2 pontos percentuais (p.p.) das assinalações na comparação com o quarto trimestre de 2023 e, com isso, o problema foi ao topo do ranking.
Empatada, também na primeira posição, está a elevada tributária, questão que recebeu 28,1% de marcações neste trimestre, após avanço de 4,1 p.p.
Em terceiro lugar, ficaram as taxas de juros elevadas. O problema foi mencionado por 23,9% das empresas, (- 3,3 p.p. frente ao quarto trimestre de 2023). Embora seja a terceira queda consecutiva, o percentual de registros para esse problema ainda é alto, devido à política monetária ainda restritiva, que segue prejudicando o setor.
De olho no futuro, os empresários da construção estão com expectativas positivas para todas as variáveis analisadas na Sondagem da Construção.
O índice de expectativa de novos empreendimentos e serviços registrou 54,8 pontos em março (+1,8 ponto); o índice de expectativa do número de empregados ficou com 54,4 pontos (+2,2 pts); e o índice de expectativa de compra de insumos e matérias-primas fechou o trimestre com 53,4 pontos (+1,6 ponto).
Além disso, em abril de 2024, o índice de intenção de investimento da indústria da construção subiu 2,6 pontos, de 40,6 pontos para 43,2 pontos. Com o aumento, o índice se distanciou da média histórica (37,3 pontos).