A epidemia do novo coronavírus, que contaminou mais de 100.000 pessoas em todo mundo, espalha-se e obriga as autoridades a multiplicarem as medidas de segurança: a Itália porá em quarentena Milão - sua capital econômica -, assim como Veneza e outras regiões.
Toda a região da Lombardia, inclusive Milão, parte da região do Vêneto, onde fica Veneza, o norte da região da Emilia Romagna (Parma e Rimini) e o leste de Piemonte são abrangidas pela medida, segundo o projeto de decreto governamental citado por veículos de imprensa, como a agência Ansa e os jornais Il Corriere della Sera e La Repubblica.
Os deslocamentos para entrar e sair destas áreas serão estritamente limitados durante a quarentena, que se estenderá até 3 de abril. Il Corriere della Sera informou que a adoção das medidas é "iminente".
Em outra medida que demonstra o temor da epidemia, o Vaticano anunciou que o papa Francisco oficiará sua oração do Ângelus, amanhã, por vídeo, e não em público.
"A oração do Ângelus do Santo Padre (...) será transmitida por vídeo ao vivo para os telões na praça de São Pedro", informou o Vaticano em um comunicado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a propagação do vírus como "profundamente preocupante". No total, 95 países estão afetados pela Covid-19, que deixou pelo menos 3.556 mortos e quase 105.000 casos em todo planeta.
Depois da China, onde apareceu o vírus em dezembro e os contágios beiram os 80.700 e os mortos somam 3.097, a Itália é um dos países mais afetados, com 5.883 casos e 233 óbitos.
O governo italiano reforçará os hospitais com 20 mil pessoas, entre médicos e enfermeiros.
Neste domingo, as autoridades chinesas reportaram 27 novas mortes pelo coronavírus, elevando o total de mortes em todo o país a 3.097, com 44 novos casos, a maioria em Wuhan, província de Hubei, epicentro da epidemia.
A Coreia do Sul soma quase sete mil contágios, mas tem mortalidade mais baixa (44). O Irã soma 5.823 casos e 145 mortos. A França também aumentou a 16 o número de mortos e a 949 o de contágios.
A América Latina e o Caribe somam 51 infectados. O Paraguai anunciou neste sábado seu primeiro caso e a Colômbia e a Costa Rica reportaram na sexta-feira seu primeiro contágio. A Argentina anunciou a primeira morte no subcontinente: um homem de 64 anos que havia visitado a Europa em fevereiro. Mais cedo, as autoridades do país anunciaram a concessão de licença de trabalho excepcional a quem voltar do exterior.
Um total de 43 pessoas foram resgatadas dos escombros após o desabamento, neste sábado de um hotel na cidade de Quanzhou (sudeste da China), usado para abrigar pessoas em quarentena, segundo a imprensa. Funcionários disseram que 70 pessoas ficaram presas.
- Preocupação nos EUA -
Nos Estados Unidos, com mais de 200 casos (19 fatais), foi declarada emergência no estado de Nova York, que acumula 76 casos, para acelerar as medidas contra o vírus.
Um total de 21 pessoas a bordo do cruzeiro "Grand Princess", fundeado na costa de San Francisco, deram positivo para a presença do coronavírus. Estão contaminados 19 membros da tripulação e dois passageiros. Há 3.533 pessoas a bordo.
O capitão do navio não mencionou nada sobre quando ou onde o navio vai atracar, contou à AFP Carolyn Wright, fotógrafa que viaja com uma amiga.
O "Grand Princess" pertence à mesma companhia que operava o navio afetado pelo coronavírus no Japão no mês passado, no qual mais de 700 pessoas a bordo deram positivo.
Além disso, duas pessoas morreram pelo coronavírus na Flórida, as primeiras vítimas americanas fora da Costa Oeste, anunciaram as autoridades deste estado do sudeste dos EUA.
Uma pessoa que esteve na reunião anual dos conservadores (CPAC), realizada entre 26 e 29 de fevereiro perto de Washington, foi diagnosticada com coronavírus em um hospital de Nova Jersey.
Embora o presidente Donald Trump e o vice, Mike Pence, tenham estado no encontro, o infectado não participou das reuniões no salão principal, onde as autoridades estiveram.
Também cresce a preocupação com o impacto econômico da epidemia no mundo, em especial na China, cuja atividade segue em grande parte paralisada. Nos dois primeiros meses do ano, as exportações chinesas despencaram 17,2%.
Tentando tranquilizar, o presidente americano, Donald Trump, declarou na sexta-feira que as bolsas - que caíram nas duas últimas semanas - vão se recuperar e exortou o Fed (banco central americano) a reduzir suas taxas de juros para incentivar a economia.
- Cancelamentos -
A preocupação global com a epidemia também se reflete na quantidade de eventos esportivos e outros acontecimentos multitudinários cancelados.
Prevista para 15 de março e com 17 mil corredores inscritos, a Maratona de Barcelona foi adiada para 25 de outubro. Ontem, a Federação Mundial de Atletismo, a World Athletics, anunciou que os Mundiais de meia maratona, programados para 29 de março em Gdynia, na Polônia, serão realizados em 17 de outubro.
A World Athletics já havia adiado o Mundial de pista coberta. Inicialmente previsto para acontecer de 13 a 15 de março em Nanquim, na China, agora será em 2021.
Neste sábado foi cancelado o Mundial feminino de hóquei sobre o gelo, que devia ser disputado de 31 de março a 10 de abril no Canadá.
Nos Estados Unidos, a NBA pediu às suas equipes que preparem estratégias de contingência, caso seja necessário disputar partidas sem público, informou ontem a emissora ESPN.
Já na Arábia Saudita, o reino decidiu reabrir a esplanada que cerca a Kaaba, o lugar mais santo do Islã, situado no coração da Grande Mesquita de Meca. A pequena peregrinação (Umra) continua, no entanto, suspensa.
Em 13 países, 300 milhões de alunos não irão às aulas durante várias semanas, pois seus colégios foram fechados.
Vários países proibiram a entrada ou adotaram quarentenas para os viajantes procedentes dos países mais afetados.
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