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FMI prevê recessão global em 2020 com grave risco de cenário ainda pior

Fundo Monetário Internacional prevê recessão global com contração econômica estimada em 3%

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Publicado em 14/04/2020 às 14:32 | Atualizado em 14/04/2020 às 14:32
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As duas maiores economias - EUA e China - mantiveram estimativa de crescimento, mas a previsão é pessimista para a zona do euro - FOTO: Foto:

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou, nesta terça-feira (14), que a pandemia do novo coronavírus (covid-19) vai provocar uma recessão global com contração econômica estimada em 3% neste ano, e um "grave risco" de piorar. A Instituição ressaltou que a recuperação vai demandar um estímulo coordenado. 

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As potências industriais do G7 reiteraram o compromisso de fazer "o que for preciso" para ajudar, declarando-se defensoras da suspensão temporária do serviço da dívida para os países mais pobres do mundo, se os governos do G20 também estiverem de acordo.

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O isolamento da população para evitar contágios e a consequente paralisação da atividade econômica reduzirão o crescimento de maneira dramática, com impacto maior nos países em desenvolvimento, destaca o FMI no boletim "Perspectivas da Economia Mundial", que recebeu o título de "O Grande Confinamento".

"A perda acumulada do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2020 e 2021 da crise da pandemia pode ser de cerca de US$ 9 trilhões, maior do que as economias do Japão e da Alemanha juntas", disse a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath.

No entanto, o Fundo afirma que, se o mundo conseguir conter o novo coronavírus e retomar gradualmente a atividade no segundo semestre de 2020, a economia global pode crescer 5,8% em 2021.

Para os Estados Unidos, maior economia do mundo, o FMI projeta uma recessão grave, com queda de 5,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, e uma recuperação de 4,7% em 2021. Destacou, porém, a "considerável incerteza" que pesa sobre a força da retomada.

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"Resultados de crescimento muito piores são possíveis e, talvez, prováveis", afirma o boletim.

Isto pode acontecer se a pandemia declarada em 11 de março, após uma epidemia que começou na China em dezembro, estender-se por mais tempo, e as medidas de isolamento, prorrogadas; assim como se o efeito nas economias emergentes for ainda maior do que o projetado, caso as condições financeiras se tornem mais rígidas; ou ainda se o fechamento de empresas e o desemprego prolongado deixarem sequências generalizadas.

O novo coronavírus já infectou mais de dois milhões de pessoas e provocou mais de 120.000 mortes no mundo. Para frear a propagação, nas últimas semanas, mais da metade da população mundial foi convocada a permanecer em suas casas; comércios não essenciais, fechados; e o tráfego aéreo registrou uma redução drástica, acentuando a queda nos preços do petróleo.

Perdas generalizadas 

"Esta crise não se parece com nenhuma outra", declarou a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, ao destacar que, "muito provavelmente", o mundo vai registrar a pior recessão desde a Grande Depressão de 1929, superando com folga a contração provocada pela crise financeira de 2008. Na ocasião, a recessão em 2009 foi de apenas 0,1%, e os mercados emergentes cresciam a um ritmo sólido.

De acordo com os prognósticos do FMI, apenas duas economias escaparão este ano da recessão, mas, em ambos os casos, com crescimentos mínimos: a China, berço da covid-19, vai avançar 1,2%, e a Índia, 1,9%.

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Grandes economias devem registrar contrações: Estados Unidos (–5,9%), Japão (–5,2%), Reino Unido (–6,5%), mas o retrocesso será ainda mais profundo na Eurozona, incluindo Itália (-9,1%), Espanha (-8,0%), França (-7,2%) e Alemanha (–7,0%). A contração do PIB será aguda na América Latina e Caribe (-5,2%), com golpes para México (-6,6%) e Brasil (-5,3%), e um agravamento da recessão na Argentina (-5,7%).

Entre os emergentes, Rússia (-5,5%) e África do Sul (-5,8%) também sentirão o impacto. O FMI antecipa ainda uma redução de 11% no volume do comércio de bens e serviços em 2020.

 

Estímulo coordenado


A recuperação da economia mundial após a fase pandêmica exigirá mais injeções de dinheiro, e o estímulo será "ainda mais eficaz" se as medidas forem coordenadas entre os países mais desenvolvidos, disse Gopinath por videoconferência.

"Uma vez que estivermos na recuperação e passarmos a fase de pandemia nas economias avançadas, será essencial realizar um estímulo fiscal amplo", afirmou, acrescentando que os gastos "seriam ainda mais eficazes se coordenados em todas as economias avançadas do mundo".

O boletim destaca a necessidade de uma "forte cooperação multilateral", em particular uma assistência financeira maior aos países emergentes. "Para aqueles que enfrentam grandes pagamentos de dívidas, pode ser necessário considerar a moratória e a reestruturação da dívida", afirma o Fundo. O organismo pede ainda a "redução das tarifas alfandegárias e não alfandegárias que impedem o comércio entre fronteiras e as cadeias de abastecimento globais".

Na área da saúde, o FMI pede o aperfeiçoamento dos sistemas de informações sobre infecções incomuns, a garantia da disponibilidade mundial de equipamentos de proteção pessoal e o estabelecimento de protocolos para que os países não tenham problemas de fornecimento de equipamentos essenciais de saúde. 

Gopinath disse que, "apesar das circunstâncias terríveis", existem "muitas razões" para o otimismo. As medidas de distanciamento social provocaram a redução dos novos casos, enquanto a comunidade científica trabalha em um "ritmo sem precedentes" para encontrar tratamentos e vacinas.

E, na área econômica, o mundo tem instituições multilaterais como o FMI e o Banco Mundial, que podem ajudar os países mais vulneráveis, uma "diferença crucial" em relação à crise dos anos 1930, quando estes organismos não existiam, recordou a economista.

Os membros do G7 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos) disseram em comunicado que "estão prontos para fornecer uma suspensão temporária dos pagamentos do serviço da dívida" dos países pobres, se ingressarem todos os credores bilaterais oficiais do G20 e conforme acordado com o Clube de Paris".

Além disso, indicaram que apoiam o trabalho do G20, integrado entre outros China e Rússia, com o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, a associação global de instituições financeiras) "para solicitar aos credores privados que ofereçam tratamento comparável, de forma voluntária".

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