Com medo e atentos aos abrigos para repatriados, cerca de 700.000 trabalhadores voltaram à ativa nesta terça-feira (5) pelo segundo dia consecutivo da quarentena obrigatória no Paraguai.
O governo estabeleceu uma "quarentena inteligente" com uma primeira fase que autoriza a reintegração de trabalhadores nos setores industrial, construção civil e em alguns setores de serviços.
"Se houver desordem e caos, a quarentena será suspensa", alertou o ministro do Interior, Euclides Acevedo.
Com poucos casos da covid-19 dentro de seu território, o governo paraguaio teme que seus cidadãos que estavam no exterior retornem ao país com a doença, e por isso criou abrigos para colocá-los em quarentena.
Em Ciudad del Este (350 km a leste), foi relatada a fuga de um dos 100 viajantes em quarentena originário do Brasil.
Cerca de 50 paraguaios ainda estão retidos do outro lado da fronteira com a intenção de entrar no país pela Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai, entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, no rio Paraná.
A maioria deles perdeu o emprego no Brasil como consequência da crise.
Os moradores de Encarnación (370 km a sudeste de Assunção) saíram para protestar contra a instalação de um desses abrigos no coração da cidade.
As autoridades de saúde disseram que a maioria dos casos positivos são em residências criadas para os viajantes que retornam de outros países.
"Setenta por cento dos casos positivos vêm de abrigos", disse à imprensa Carolina Aquino, chefe do Laboratório Central do Ministério da Saúde.
O ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, relatou 431 casos positivos nesta terça-feira. Há sete pacientes hospitalizados e 135 recuperados, segundo dados divulgados nas últimas 24 horas.
O país registrou dez mortes pela epidemia desde o primeiro caso positivo conhecido em 7 de março.
Uma segunda etapa da suspensão do confinamento começará em 25 de maio, quando, entre outras atividades, o esporte profissional "sem público" será retomado.
Os shopping centers serão abertos apenas no dia 15 de junho.
Em outro ponto de atenção no país, as forças militares reforçaram com tanques a área em torno da prisão de Tacumbú, em Assunção, na prevenção de uma rebelião. A instalação abriga mais de 4.000 prisioneiros.
"Que eles liberem as visitas ou isso vai ficar complicado", gritaram os presos em imagens exibidas na televisão. A proibição à visitação está em vigor há cerca de 50 dias.
Panelaços contra o desemprego tornaram-se comuns em todos os centros urbanos do país, que registrou 70 mil novos desempregados em 40 dias, revelou o sindicato da indústria.
O governo destinou 1,6 milhão de dólares para enfrentar a pandemia.
Além disso, altos funcionários do governo renunciaram e estão sendo processados por acusações de corrupção na aquisição de máscaras faciais e equipamentos médicos.
"Não permitirei que um único centavo seja roubado", disse o presidente Mario Abdo Benítez à imprensa.
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