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Google diz que pagará editores por publicar notícias

A medida pode representar uma mudança significativa da gigante da Internet que seguiria o caminho iniciado pelo Facebook e pela Apple

AFP
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Publicado em 25/06/2020 às 17:24 | Atualizado em 25/06/2020 às 17:24
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Nova lei o obriga a pagar aos meios de comunicação cujo conteúdo é reproduzido total ou parcialmente - FOTO: Foto: Reprodução

A Google anunciou nesta quinta-feira (25) que está disposto a pagar empresas de notícias em três países, incluindo o Brasil, para ajudar um setor que atravessa dificuldades pela pressão de governos e grupos de mídia no mundo todo.

Embora os detalhes do plano não sejam conhecidos, a medida pode representar uma mudança significativa da gigante da Internet que seguiria o caminho iniciado pelo Facebook e pela Apple, com a criação de novos produtos em associação com veículos de comunicação.

A Google disse que pagará parceiros de mídia em três países e cobrirá os custos de sites de notícias pagos para dar aos usuários acesso gratuito.

O programa começará "com publicações locais e nacionais na Alemanha, Austrália e Brasil" e deve expandir-se para mais países, anunciou a companhia.

"Uma indústria de notícias vibrante é importante, talvez agora mais do que nunca, pois as pessoas buscam informações com as quais possam contar em meio a uma pandemia global e crescente preocupação com a injustiça racial em todo o mundo", disse Brad Bender, vice-presidente de gerenciamento de produtos de notícias da Google.

A Google pretende pagar por "conteúdo de alta qualidade para que uma nova experiência de notícias seja lançada ainda este ano", a fim de permitir que grupos de comunicação "monetizem seu conteúdo por meio de uma experiência aprimorada de narrativa", explicou Bender.

Indústria de notícias com problemas

O movimento ecoa os problemas das organizações de notícias que lutam contra a diminuição do número de leitores da imprensa escrita e enfrentam o desafio do novo ecossistema digital, onde a receita de publicidade está focada em plataformas de tecnologia como Google e Facebook.

A Google foi acusada de desviar a receita on-line e seu anúncio ocorre após enfrentar batalhas legais na França e na Austrália por sua relutância em pagar à mídia tradicional o que publica na web.

A empresa da Califórnia respondeu às críticas dizendo que ajuda a impulsionar tráfego e receita para sites de notícias on-line e estimulou a iniciativa Google Notícias a colaborar com jornalistas.

O plano da Google de pagar para publicar notícias precede a iniciativa do Facebook de criar uma "guia de notícias" em associação com grupos de mídia para promover o jornalismo e conter notícias falsas.

A Apple lançou seu aplicativo de notícias em 2015, que visa promover a assinatura de veículos de comunicação, e em 2019 adicionou um serviço pago chamado Apple News +, que compartilha receita com editores de jornais e revistas.

Entre los primeros socios de Google estarán el grupo Spiegel, en Alemania, y la compañía Diarios Associados, en Brasil. Los australianos Schwartz Media, The Conversation y Solstice Media también forman parte del proyecto, según el canal público ABC.

Plano "vago e confuso"

O anúncio do Google não esclareceu que impacto a iniciativa teria ou quanto dinheiro será investido no plano.

David Chavern, presidente da News Media Alliance, que representa o setor de notícias dos EUA, disse que o anúncio é "vago e confuso" e pode ter como objetivo ajudar o Google a negociar suas batalhas legais com a mídia.

"É um passo na direção certa, mas é bem pequeno", avaliou.

A medida "pode se traduzir em aumento de receita para um pequeno número de grandes editoras em grandes mercados e muito pouco para pequenas editoras e editoras em pequenos mercados", disse Rasmus Kleis Nielsen, chefe do Instituto Reuters na Universidade de Oxford para o estudo do jornalismo, no Twitter.

Nikos Smyrnaois, professor de mídia da Universidade de Toulouse, na França, disse que o anúncio da Google marca um "ponto de inflexão", mas pode não ajudar um setor em crise.

"Isso se encaixa em uma estratégia de dividir e conquistar", disse Smyrnaois. "O objetivo do Google não é remunerar todos os outros", acrescentou.

Para Gabriel Kahn, professor que estuda a economia da mídia na Universidade do Sul da Califórnia, o projeto da Google não é o que esperava a indústria.

"A Google cruzou um limite fisiológico: a ideia de pagar os produtores pelo conteúdo que distribui", disse. "Mas continua sendo a Google a dar as regras de seu próprio jogo. A Google continua sendo quem decide quem pode jogar, quais são as condições e quanto se paga", acrescentou.

Várias publicações na Europa e no mundo, incluindo a AFP, pediram à União Europeia que tomasse medidas para obrigar as empresas de internet a pagá-las pela publicação do material que produzem.

Em abril, o órgão francês que monitora a concorrência nos mercados disse que a Google deveria começar a pagar a mídia por mostrar seu conteúdo e ordenou que iniciasse as negociações depois de se recusar a se adaptar às novas regras europeias sobre propriedade intelectual digital.

No início deste mês, o Google rejeitou um pedido australiano para compensar a mídia local com centenas de milhões de dólares por ano impostos em um acordo de compartilhamento de receita.

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