O novo coronavírus avança sem parar no Brasil e volta a preocupar a China, onde a pandemia surgiu em dezembro passado e que está sofrendo um forte surto, um dia depois de ter sido revelado que um medicamento ajuda a salvar pessoas gravemente doentes da covid-19.
Com cerca de 32.000 casos e 1.269 mortes em um dia, o coronavírus não recua no Brasil, que já registra mais de 46.000 mortes e 955.377 diagnósticos positivos (o segundo país mais atingido depois dos Estados Unidos), segundo o Ministério da Saúde.
Essa situação levou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) a lançar um alerta.
"Não estamos vendo a transmissão desacelerar", disse Carissa Etienne, diretora da agência, que alertou que as infecções também estão crescendo em toda a região da América Latina e Caribe, onde que ultrapassou a marca das 85.000 vítimas fatais e 1,8 milhão de casos.
Nesse contexto, o Chile prorrogou o "estado de emergência constitucional devido à catástrofe" por três meses, e o Equador, o estado de emergência por mais dois meses.
A paralisia causada por medidas de confinamento foi um duro golpe para as economias de todo o mundo, e seguem surgindo previsões negativas.
O Banco Central do Chile anunciou nesta quarta-feira que o país sofrerá sua pior contração econômica em 35 anos em 2020, com uma queda de até 7,5% do PIB em relação ao ano passado.
E a companhia aérea chilena-brasileira Latam anunciou que sua subsidiária na Argentina cessará as operações indefinidamente devido à pandemia.
No Peru, outro dos países mais afetados da América Latina, a epidemia deixou mais de 240.000 casos, ultrapassando o número de infecções na Itália.
Enquanto isso, no México, as brigadas médicas vão de casa em casa na capital para fazer testes, embora nem sempre sejam bem-vindas. O país de 126 milhões de habitantes registrou pelo menos 154.863 casos positivos e 18.310 mortes por COVID-19.
O presidente hondurenho Juan Orlando Hernández foi internado no Hospital Militar Tegucigalpa nesta quarta, um dia depois de anunciar que havia contraído o novo coronavírus.
Surto em Pequim
Na China, as autoridades consideram a situação epidêmica de Pequim "extremamente grave" e temem uma nova onda de contágios, depois que o confinamento draconiano e os testes de diagnóstico pareciam ter controlado a pandemia que surgiu no fim de 2019, em Wuhan, na região central do país de 1,4 bilhão de habitantes.
Desde a semana passada, 137 pessoas foram infectadas em Pequim, onde moram 21 milhões de pessoas.
O foco de infecções, ao redor do mercado atacadista de Xinfadi, ao sul da capital, levou as autoridades a cancelarem mais de mil voos nos dois aeroportos da capital, enquanto as escolas fecharam as portas na terça-feira, e a população recebeu o pedido para evitar qualquer viagem não essencial.
Segundo país mais populoso do planeta, com mais de 1,3 bilhão de habitantes, a Índia registrou 2.000 mortes em apenas um dia, o que elevou o balanço oficial para 11.903 óbitos.
Diante de uma economia em crise, no começo do mês o primeiro-ministro Narendra Modi praticamente retirou todas as medidas do rígido confinamento imposto no fim de março, apesar da propagação da epidemia. O país registra quase 11.000 novos casos diários e mais de 354.000 desde o início da crise.
As autoridades de Nova Délhi calculam que, até o fim de julho, a capital indiana terá mais de meio milhão de pacientes de COVID-19. O governo local decidiu utilizar hotéis e centros de eventos como hospitais de campanha.
EUA supera mortos na I Guerra Mundial
O coronavírus infectou mais de 8,2 milhões de pessoas e matou cerca de 445.000 no mundo, segundo dados apurados pela AFP a partir de boletins oficiais.
A Europa é o continente mais afetado com quase 2,5 milhões de casos e 190.000 mortos, superando os Estados Unidos, com 2,1 milhões de diagnósticos positivos e cerca de 117.000 falecidos.
Com mais de 700 vítimas fatais por coronavírus em 24 horas, o número de óbitos da pandemia nos Estados Unidos já supera o de soldados americanos mortos durante a Primeira Guerra Mundial.
Enquanto a Europa começa a abrir as fronteiras para permitir que o turismo ajude na recuperação da economia, Estados Unidos e Canadá decidiram prolongar até 21 de julho o fechamento de suas fronteiras no caso dos deslocamentos não essenciais.
Na Espanha, que fará uma homenagem às mais de 27.000 vítimas fatais do coronavírus em 16 de julho, a Alhambra de Granada, expoente da arquitetura islâmica e um dos monumentos mais visitados do país, abriu as portas nesta quarta-feira, mas com medidas rígidas de higiene e limite de público a 50% da capacidade.
Diante da expansão do vírus, cientistas britânicos jogaram um pouco de luz no fim do túnel na terça-feira (16) com o anúncio de que um medicamento da família dos corticoides, o potente anti-inflamatório dexametosona, reduz em um terço a mortalidade dos pacientes de COVID-19 em estado grave.
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