O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, alertou nesta terça-feira (21) em Londres o mundo a "compreender a ameaça que significa o Partido Comunista Chinês", após se reunir com o governo britânico, que vive fortes tensões com Pequim devido à situação em Hong Kong e à exclusão da gigante chinesa Huawei da rede 5G do Reino Unido.
O chanceler dos EUA saudou as discussões "francas" com as autoridades britânicas, pedindo a "todas as nações comprometidas com a liberdade e a democracia (...) que compreendam a ameaça representada pelo Partido Comunista Chinês".
"Acreditamos que todos devem trabalhar juntos para garantir que todos os países, incluindo a China, se comportem (...) de acordo com a ordem internacional", disse Pompeo em coletiva de imprensa com seu colega britânico, Dominic Raab. Anteriormente, havia se encontrado com o primeiro-ministro Boris Johnson.
Pompeo chegou ao meio-dia (horário local), ao número 10 da Downing Street, onde apareceu sem máscara, assim como Johnson. Depois, sentaram-se a mais de um metro de distância um do outro.
"A distância social não significa uma distância política, ou diplomática", brincou o premiê britânico.
Nos últimos meses, Londres tem aproximado suas posições às de Washington, dando um giro de 180º a respeito da gigante chinesa de telecomunicações Huawei.
"Estamos felizes", disse Pompeo à imprensa na semana passada, elogiando a decisão de Boris Johnson.
Já Pequim acusou Londres de ter-se deixado "enganar" pelos americanos.
O secretário de Estado negou que Washington tenha pressionado Londres. "Essa decisão não foi tomada porque Estados Unidos disse que é boa, mas sim porque os líderes do Reino Unido a tomaram pelo povo britânico", afirmou.
Parece distante agora a idade de ouro prometida pelo então ministro das Finanças britânico George Osborne para as relações China-Reino Unido, durante uma visita a Pequim em 2015.
Londres causou um enorme mal-estar na China, ao oferecer acesso facilitado à nacionalidade britânica a quase 3 milhões de residentes de Hong Kong, em resposta à lei de segurança nacional imposta no mês passado por Pequim a esta ex-colônia britânica.
Os britânicos foram além. Ontem, suspenderam o tratado de extradição com Hong Kong e estenderam a seu território o embargo sobre as armas - que já é aplicado à China continental -, considerando que Pequim está violando os termos do tratado assinado com Londres em 1997, por ocasião da retrocessão de Hong Kong.
Washington, por sua vez, eliminou o status comercial preferencial de que a ex-colônia gozava em função de sua autonomia; restringiu vistos para autoridades chinesas acusadas de "questionar" a autonomia do território e interrompeu a venda de equipamentos de defesa sensíveis para Hong Kong.
Para o secretário Pompeo, o verdadeiro motivo é outro: "Eu realmente acredito que eles fizeram isso, porque sua equipe de segurança chegou à mesma conclusão que nós".
"As informações que passam por essas redes de origem chinesa certamente acabarão nas mãos do Partido Comunista Chinês", completa.
A Huawei rejeita categoricamente essas acusações.
A visita de Pompeo coincide com a divulgação de um relatório oficial sobre a possível ingerência de Moscou na vida política britânica, em particular na campanha do referendo sobre o Brexit.
O informe foi solicitado, após suspeitas de que a Rússia interferiu na campanha presidencial americana, ainda que o presidente Donald Trump e Pompeo tenham negado, desde sempre, algum papel significativo de Moscou nessa campanha.