O tenor italiano Andrea Bocelli, de 61 anos, surpreendeu ao fazer duras críticas à condução da crise do coronavírus pelo governo da Itália. O cantor disse ter se sentido humilhado por não poder sair durante o lockdown e pediu que as pessoas quebrem as regras em vigência. A declaração foi feita nessa segunda-feira (27), em audiência no Senado da Itália.
“Eu me senti humilhado e ofendido. Eu não podia deixar minha casa mesmo não cometendo nenhum crime”, falou em uma conferência com políticos de oposição, a exemplo de Matteo Salvini, líder do partido de extrema-direita Liga, que vem atacando o primeiro-ministro Giuseppe Conte pela sua atuação em relação à covid-19.
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A fala chamou a atenção porque o tenor virou símbolo de esperança e união nos primeiros meses que a pandemia afetou a Europa, ao fazer concerto histórico no domingo de Páscoa, dia 12 de abril, em frente à Catedral de Milão, na Itália, vazia em função das medidas de isolamento social empregadas à época.
Bocelli teve coronavírus em março, dois meses depois de seu País registrar o primeiro caso, e chegou a doar seu plasma para pesquisa.
Em resposta a Bocelli e Salvini, o ministro da Saúde da Itália, Roberto Speranza, pediu para que as regras de higiene sejam respeitadas nessa fase da doença. "Uso de máscara em locais fechados, distância e proibição de multidões, lavagem das mãos muitas vezes ainda são fatores elementares nesta fase", pontuou. O ministro ainda frisou a necessidade de união de todos, em prol do país.
A quarentena teve início na Itália em março, sendo flexibilizada ao longo dos três meses seguintes. Bocelli, no entanto, assumiu ter desobedecido as normas. “Eu não achava certo ou saudável permanecer em casa com a minha idade”.
Ele completou que acha que a situação não pode ser tão séria quanto as autoridades dizem, pois ele não conhece ninguém que tenha precisado de tratamento intensivo. “Então por que todo essa sensação de gravidade?”
A Itália registra 35.112 mortos pelo coronavírus e 246.286 casos da doença, de acordo com monitoramento em tempo real da Universidade John Hopkins.
Pelas redes sociais, o ministro da Saúde voltou a comentar, reiterando que a Itália "está fora da tempestade, mas ainda não chegou a um porto seguro", e pedindo mais uma vez o respeito pelas normas sanitárias.
Siamo fuori dalla tempesta, ma non ancora in un porto sicuro. Mi piacerebbe dire che è tutto finito, ma direi una cosa non vera.
— Roberto Speranza (@robersperanza) July 28, 2020
Per questo è essenziale rispettare le tre regole fondamentali: uso delle mascherine, distanziamento di almeno un metro e lavaggio frequente delle mani
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