O grupo Facebook anunciou nesta segunda-feira (3) a proibição definitiva das publicações do polêmico comediante francês Dieudonné M'Bala M'Bala por seu "conteúdo que zomba das vítimas do Shoah [Holocausto]" e "por suas expressões que desumanizam os judeus".
"De acordo com nossa política sobre indivíduos e organismos perigosos, proibimos de maneira permanente Dieudonné M'Bala M'Bala do Facebook e do Instagram. Proibir uma pessoa de forma permanente dos nossos serviços é uma decisão que sempre tomamos com cautela, mas indivíduos e organizações que atacam outras pessoas pelo que são não são bem-vindos ao Facebook, ou ao Instagram ", disse um porta-voz da multinacional californiana.
Não é a primeira proibição imposta a Dieudonné, que já viu o Google fechar seu canal no YouTube no final de junho, devido à "violação repetida do nosso regulamento da comunidade do YouTube".
Dieudonné era seguido por quase 1,3 milhão de pessoas no Facebook e tinha 400.000 assinantes em seu canal no YouTube.
A Liga Internacional Contra o Racismo e o Antissemitismo (Licra) considerou a decisão "uma grande vitória e o desfecho de um longo e rigoroso trabalho de nossa equipe e advogados que finalmente deu resultados".
"Já era hora de pôr fim a este problema", afirmou a Licra, acrescentando que "suas publicações causaram um dano considerável e irreparável entre muitos jovens".
"Esta decisão vai no bom caminho: o de uma Internet mais segura onde o ódio não tenha lugar", comemorou o presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (Crif), Francis Kalifat.
Já Dieudonné denunciou os "lobbies" que "saboreiam a queda da liberdade de expressão, o fim da liberdade na Internet".
Dieudonné já havia sido condenado, em diferentes ocasiões, pela Justiça francesa por seu humor e mensagens antissemitas. Em novembro, por exemplo, teve de pagar uma multa de 9.000 euros, após publicar um vídeo e uma música com o título "C'est mon choaaa" ("É meu Shoa", em tradução livre).
O Facebook já havia banido outras contas da extrema direita francesa, entre elas a do pequeno grupo Geração Identitária.
O YouTube também havia suprimido redes de supremacistas brancos nos Estados Unidos, no final de junho, e fechou a conta do chefe de um grupo identitário austríaco.
Todas as redes sociais, em particular o Facebook, enfrentam pressão para agirem contra as publicações racistas em suas plataformas.
Um amplo boicote publicitário contra o Facebook levou centenas de marcas internacionais a suspenderem seus anúncios nesta rede social que conta com 1,73 bilhão de usuários diários.
Na França, o governo tentou aprovar uma legislação sobre o ódio on-line, com a adoção de um texto, em maio passado, que obriga plataformas e motores de busca a retirarem em 24 horas os conteúdos "claramente" ilícitos, sob pena de multas de até 1,25 milhão de euros.
O alvo eram as incitações ao ódio e à violência, assim como as injúrias de caráter racista, ou religioso.
Um mês depois, porém, o ponto central desta lei foi censurado pelo Conselho Constitucional. O órgão considerou que algumas disposições atentavam contra a liberdade de expressão.
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