Liberdade

Após 50 anos de confinamento, elefanta viaja da Argentina ao Brasil rumo à sua aposentadoria

Elefanta Mara chega para viver em um retiro para elefantes, longe de circos e visitantes

Gabriela Carvalho
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Gabriela Carvalho
Publicado em 12/08/2020 às 14:09 | Atualizado em 12/08/2020 às 14:19
Sofía López Mañán/Divulgação
O santuário é uma espécie de retiro para a aposentadoria - FOTO: Sofía López Mañán/Divulgação

Após mais de 50 anos presa em circos e zoológicos, uma elefanta provou um pouco da liberdade pegando a estrada. Mara, como é chamada, saiu de Buenos Aires, percorrendo 2.700 quilômetros e chegou a uma reserva no Mato Grosso.

Uma ponte que une Argentina e Brasil, fechada desde de 20 de março por conta da quarentena, foi reaberta para que ela pudesse passar junto de a equipe responsável pelo seu translado. Mara estava acompanhada de dois motoristas, uma veterinária, dois administradores do zoológico portenho Ecoparque e uma fotógrafa.

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"Foi algo hiper emocionante. Só dois dias antes da viagem soubemos que teríamos autorização para passar a fronteira. Havia toda uma adrenalina, uma ansiedade para tudo dar certo. E, quando eu parava para pensar, falava: isso é muito louco, eu passeando com uma elefanta, enquanto o mundo todo está trancado", disse a fotógrafa Sofía López Mañán, em conversa com o portal Uol.

Vida em exibição

Mara nasceu em cativeiro na Índia na década de 1960 e logo foi vendida para um zoológico de Hamburgo, na Alemanha. Depois foi transferida para Montevidéu, no Uruguai, para ser atração no "Circo África".

Em 1971, Mara chegou à Argentina, onde fez parte de mais dois circos até ser encaminhada, em 1995, para o tradicional Jardim Zoológico de Buenos Aires.

Após muito tempo, acertaram a vinda de Mara para o Santuário de Elefantes, criado na Chapada dos Guimarães em 2015.

Após cinco dias e 2.700 quilômetros percorridos, Mara chegou ao vale que hospeda outras três elefantas asiáticas veteranas, vindas de fazendas de Minas Gerais e Sergipe. Rana, uma delas, virou amiga inseparável de Mara, comendo e dormindo juntas desde que se viram.

O santuário é uma espécie de retiro para a aposentadoria - não há planos de contar com jovens em idade reprodutiva por lá. Além disso, Mara ficará distante de olhos humanos, já que o santuário não recebe visitas.

O zoológico argentino vai destinar duas elefantas africanas para lá quando a pandemia passar. Para tanto, o local mato-grossense vai reservar um vale para essa espécie. As asiáticas, mais dóceis, e as africanas, mais reativas, costumam não se dar bem.

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