O Irã chamou o acordo de normalização das relações entre Israel e Emirados Árabes Unidos (EAU), celebrado com a mediação dos Estados Unidos, de "estupidez estratégica", em um comunicado do ministério das Relações Exteriores. O acordo, anunciado na quinta-feira (13), é uma "estupidez estratégica de Abu Dhabi e Tel Aviv que, sem dúvida, reforçará o eixo de resistência na região", afirma o ministério iraniano em sua nota oficial.
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"O povo oprimido da Palestina e todas as nações livres do mundo nunca perdoarão a normalização das relações com o ocupante e o regime criminosos de Israel", completa. Emirados Árabes Unidos e Israel anunciaram na quinta-feira a normalização das relações, como parte de um acordo histórico que converte a federação de sete emirados no terceiro país árabe com o qual o Estado israelense mantém relações diplomáticas, após os acordos assinados com Jordânia (1994) e Egito (1979).
O estabelecimento de relações diplomáticas entre Israel e os aliados dos Estados Unidos no Golfo é um objetivo chave da estratégia regional do governo de Donald trump para conter a crescente influencia de Irã. Washington e Teerã passam por um momento de grande tensão desde a retirada unilateral em maio de 2018 dos Estados Unidos do acordo nuclear internacional iraniano de 2015.
Segundo os Emirados Árabes, o acordo, anunciado justamente por Trump, contempla que Israel renuncie ao plano de anexação de territórios palestinos da Cisjordânia ocupada. Porém, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não confirmou esta informação e declarou que a anexação foi "adiada", mas que Israel "não renunciou" à ideia.
Com exceção do Egito e da Jordânia, as nações do Oriente Médio sempre relutaram em normalizar os laços com Israel sem uma solução prévia para o conflito israelense-palestino que inclua um Estado palestino com Jerusalém Oriental como capital, ocupada e anexada por Israel. Nesta sexta-feira (14), Mohsen Rezai, secretário do Conselho de Discernimento, posto crucial no sistema político iraniano, acusou os Emirados Árabes Unidos de colaborar de modo extraoficial durante 10 anos com Israel.
O Irã, inimigo declarado de Israel, qualificou a decisão de Abu Dhabi de "vergonhosa" e fez um alerta contra qualquer interferência de Israel no Golfo. "O governo dos EAU e os outros Estados a seu lado serão responsáveis por este acordo", destacou Teerã. Em referência a seu grande rival regional, a Arábia Saudita, o Irã pediu aos líderes que de "sua torre de marfim" se opõem aos povos palestino e iemenita que "não"confundam seus inimigos com seus amigos".