A Alemanha, considerada um exemplo no manejo da pandemia do coronavírus, declarou nesta sexta-feira (14) toda a Espanha, com exceção das Ilhas Canárias, como zona de risco, diante da ameaça de uma segunda onda de contágios.
Com a decisão, o governo alemão também considera as Ilhas Baleares, destino preferido dos alemães na Espanha, uma área de risco.
A partir de agora, todas as pessoas que retornam da Espanha para a Alemanha devem realizar um teste diagnóstico e aguardar os resultados em quarentena.
Berlim já havia alertado para os riscos de viajar para as comunidades autônomas de Aragão, Catalunha, Navarra, País Basco e Madrid.
Depois que outras regiões espanholas ultrapassaram a barreira de 50 infecções por 100.000 habitantes em uma semana, a ampliação das restrições pelo governo alemão era esperada.
"A Espanha tem um desenvolvimento muito rápido da epidemia", disse uma porta-voz do ministério. "A cada dia mais regiões são fortemente afetadas pela epidemia", acrescentou.
A Alemanha, que até agora foi pouco afetada pela pandemia, se depara com um aumento das infecções, que ultrapassaram mil em 24 horas por vários dias, um fato "preocupante" para o ministro da Saúde, o conservador Jens Spahn.
Na sexta-feira, o Instituto Robert Koch registrou 1.449 novos casos, números que não eram registrados desde maio.
Devemos ser "vigilantes e prudentes" para evitar uma nova onda da pandemia no outono, disse Steffen Seibert, porta-voz da chanceler Angela Merkel, nesta sexta-feira.
O aumento de casos está ligado ao fato de que os alemães retomaram as viagens e "infelizmente em alguns casos, não raros, voltaram infectados", disse ele.
Para se proteger, a Alemanha impôs testes obrigatórios para viajantes que retornam de áreas de risco e incentiva os que passaram por lugares mais seguros a se submeterem voluntariamente a esses testes gratuitos.
Um incidente na região da Baviera mostrou que esse sistema é falho. Mil pessoas, que fizeram o teste voluntariamente, foram informadas tardiamente que estavam contaminadas.
A Alemanha teme um aumento das infecções com a volta às aulas, que já começaram em várias regiões. Algumas escolas tiveram que fechar após o registro de casos.
Antes da Alemanha, o Reino Unido já havia reimposto uma quarentena de duas semanas para viajantes procedentes da Espanha no final de julho.
A medida tem consequências muito duras para a Espanha, segundo destino turístico mundial, que recebe milhares de britânicos e alemães por ano.
"Os turistas que estão na Espanha serão contatados. Os que voltarem amanhã (sábado) ou domingo poderão pegar um voo normal. Os demais receberão propostas para voltar (à Alemanha) o mais rápido possível", disse um porta-voz do maior grupo de turismo do mundo, o TUI.
A Espanha, um dos países do mundo mais afetados pela pandemia, adotou novas restrições para evitar uma segunda onda. O país fechou discotecas e outros locais de diversão noturna e proibiu o fumo na rua se uma distância de dois metros não puder ser garantida.
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