Nova caso acende a tensão racial

EUA Policiais atiraram em negro pelas costas, pouco tempo depois do caso George Floyd

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Publicado em 25/08/2020 às 6:00
KAMIL KRZACZYNSKI/AFP
KENOSHA Manifestantes marcham em protesto contra mais um evento envolvendo conduta de policiais - FOTO: KAMIL KRZACZYNSKI/AFP
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Um policial atirou nas costas de um homem negro em uma cidade do norte dos Estados Unidos, reacendendo os protestos contra o racismo e a violência policial que abalaram o país nos últimos meses. Dois policiais foram suspensos e uma investigação foi aberta nesta segunda-feira (24) depois que Jacob Blake, de 29 anos, foi gravemente ferido nas costas em Kenosha, Wisconsin, desencadeando distúrbios e a imposição de um toque de recolher.

A vítima passou por uma cirurgia de emergência e foi hospitalizada em uma unidade de terapia intensiva na cidade de Milwaukee, cerca de 40 quilômetros ao norte de onde ocorreram os fatos na tarde de domingo.

O incidente, ocorrido três meses depois de o afro-americano George Floyd ser sufocado por um policial branco em Minneapolis, no estado vizinho de Minnesota, foi fortemente condenado pelo candidato democrata à presidência Joe Biden.

O Departamento de Justiça de Wisconsin informou que sua divisão de investigação criminal apurava o caso. "Os policiais envolvidos receberam uma suspensão administrativa", disse ele em nota.

Um vídeo do incidente gravado com um celular mostra que o homem negro é seguido por dois policiais armados enquanto se dirige a um veículo cinza. Quando ele abre a porta e tenta sentar no banco do motorista, um dos policiais o agarra pela camisa e atira várias vezes em suas costas. As autoridades não informaram se o outro policial também atirou.

Ben Crump, advogado dos direitos civis que representa a família de Floyd e assumiu a defesa de Blake, disse que os três filhos da vítima estavam no carro e que o homem estava apenas tentando "acalmar" um incidente doméstico. "Quando ele foi ver como seus filhos estavam, a polícia atirou nele várias vezes nas costas à queima-roupa", disse em comunicado. "Eles ficarão traumatizados para sempre. Não podemos permitir que os policiais violem seu dever de nos PROTEGER. Nossos filhos merecem coisa melhor!", tuitou mais cedo.

A polícia informou que os disparos foram registrados durante o atendimento de um incidente doméstico por volta das 17h11 (locais) de domingo. "E esta manhã, a nação acorda mais uma vez com dor e indignação por outro americano negro vítima da força excessiva", disse Biden, adversário de Donald Trump na eleição de 3 de novembro.

A palavra "Basta" em um fundo preto acompanha a mensagem do ex-vice-presidente Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. O governador de Wisconsin, o democrata Tony Evers, instou o Legislativo estadual, controlado pelos republicanos, a debater um pacote de projetos de lei relacionado à polícia que apresentou no início deste ano. "Devemos começar a longa, mas importante jornada para garantir que nosso Estado e nosso país comecem a cumprir nossas promessas de igualdade e justiça", disse ele em uma mensagem de vídeo.

Em Kenosha, houve manifestações e confrontos com a tropa de choque na noite de domingo, de acordo com imagens divulgadas pelo Milwaukee Journal Sentinel. Após o início de incêndios, as autoridades locais declararam toque de recolher.

A poderosa American Civil Liberties Union (ACLU) denunciou o que aconteceu a Blake como "mais um ato nojento de brutalidade policial". "O fato de que uma violência policial como essa - os assassinatos de Breonna Taylor, George Floyd, Eric Garner e muitos outros - tenha se tornado algo comum mostra que a própria instituição policial americana está podre em sua essência", observou a ACLU no Twitter.

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