ESTADOS UNIDOS

Suspeito por mortes em protestos antirracistas é preso nos EUA

Um adolescente foi preso nos Estados Unidos nesta quarta-feira (26) após a morte de duas pessoas durante protestos antirracistas em Kenosha, no estado de Wisconsin

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Publicado em 26/08/2020 às 23:47 | Atualizado em 26/08/2020 às 23:47
BRANDON BELL / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP
Manifestação antirracista em Kenosha - FOTO: BRANDON BELL / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP

Um adolescente foi preso nos Estados Unidos nesta quarta-feira (26) após a morte de duas pessoas durante protestos antirracistas em Kenosha, no estado de Wisconsin, para onde o presidente Donald Trump anunciou o envio de forças federais adicionais.

A cidade de Kenosha, no norte dos EUA, tem sido abalada por manifestações com surtos de violência desde domingo (23), quando um homem negro, Jacob Blake, foi baleado à queima-roupa por um policial branco.

Após dias de silêncio, as autoridades de Wisconsin publicaram nesta quarta-feira um primeiro comunicado sobre o ocorrido e no qual afirmam que Blake tinha uma faca "em seu poder" quando o agente, há sete anos na polícia, atirou.

A arma foi encontrado dentro do carro, mas as autoridades não esclareceram se Blake segurava a faca quando foi alvejado.

Durante os protestos da terça-feira (25), duas pessoas foram mortas a tiros e uma terceira foi ferida depois que um homem em roupas civis com um rifle de assalto abriu fogo contra os manifestantes.

"Esta manhã, as autoridades do condado de Kenosha emitiram um mandado de prisão do indivíduo responsável pelo incidente, acusando-o de homicídio intencional em primeiro grau", (homicídio doloso), disse a polícia de Antioch, cidade do estado vizinho Illinois.

"O suspeito neste incidente, um residente de Antioch de 17 anos, está atualmente sob a custódia do sistema judicial do condado de Lake, enquanto aguarda uma audiência de extradição para transferir a custódia de Illinois para Wisconsin", acrescentou.

As autoridades ordenaram um toque de recolher das 19h às 7h até domingo em Kenosha na esperança de acalmar a situação após a violência de terça-feira, quando vigilantes armados correram para o local dos protestos prometendo defender a propriedade privada.

Vídeos mostram um dos vigilantes, que se acredita ser o jovem detido, atirando contra os manifestantes com um rifle de assalto. Ele aparentemente acerta dois que tentam detê-lo e então caminha livre pela rua, com a arma no peito, enquanto a multidão se dispersa e veículos da polícia passam por ele.

 'Restaurar a LEI e a ORDEM!' 

Trump anunciou o envio de reforços policiais e tropas da Guarda Nacional para Kenosha para "restaurar a LEI e a ORDEM!".

"Nós NÃO vamos apoiar saques, incêndios criminosos, violência e ilegalidade nas ruas americanas", tuitou Trump, em sua primeira reação ao assassinato de Blake no domingo.

As autoridades locais, porém, disseram que já tinham centenas de policiais de todo o estado, cerca de 250 homens da Guarda Nacional, agentes federais e do FBI os ajudando.

“Sei que as pessoas estão buscando justiça”, disse o xerife do condado de Kenosha, David Beth, em entrevista coletiva. Mas ele ressaltou que as pessoas precisam obedecer o toque de recolher e que não será tolerada uma repetição dos distúrbios da segunda-feira, quando veículos e edifícios foram queimados.

Caso de Blake continua sob investigação 

O chefe de polícia de Kenosha, Daniel Miskins, confirmou que dois homens da região, de 26 e 36 anos, foram mortos na noite de terça-feira e outro, também de 26 anos, foi ferido por tiros.

No entanto, ele se recusou a falar sobre o caso de Blake, 29, que levou sete tiros nas costas no domingo, disparados por um policial, enquanto tentava entrar em seu carro, onde estavam seus três filhos. Segundo testemunhas, ele havia antes tentado mediar uma disputa doméstica no local.

Uma investigação está em andamento e os policiais envolvidos foram suspensos. Blake está paralisado da cintura para baixo após várias cirurgias.

Tema de campanha 

Esse último caso de violência policial contra um afro-americano gerou manifestações em outras cidades americanas, como Nova York e Minneapolis, ligadas ao movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).

O ataque a Blake provavelmente será um dos focos da marcha antirracista programada para este fim de semana em Washington. Além disso, a dois meses da eleição, os comentários de Trump deixaram claro que o novo incidente também alimentará a disputa pela Casa Branca.

A campanha republicana pintou como uma ameaça de extrema esquerda os protestos contra a brutalidade policial que movimentaram o país desde a morte em maio de George Floyd, homem negro asfixiado por um policial branco.

Seu rival democrata Joe Biden pediu o fim da violência na quarta-feira. “Mais uma vez, um homem negro, Jacob Blake, foi baleado pela polícia. Na frente de seus filhos. Isso me deixa doente”, ele tuitou.

"É este o país que queremos ser? A violência desnecessária não vai nos curar. Precisamos acabar com a violência e nos unir pacificamente para exigir justiça", escreveu o candidato.

Em protesto ao caso de Blake, os jogadores de basquete do Milwaukee Bucks se recusaram a jogar a partida de quarta-feira contra o Orlando Magic nos playoffs da NBA, que acabou suspendendo a rodada.

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