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Comoção no Marrocos pela agressão sexual e assassinato de um menino de 11 anos

A mais de 20 anos pena de morte não é aplicada no país, entretanto população pede que agressor seja executado

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Publicado em 15/09/2020 às 14:59
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Mulher com máscara passa em frente a tanque de guerra em Tânger - FOTO: AFP/Arquivos

A agressão sexual e o assassinato de um menino de 11 anos em Tânger geraram uma profunda comoção no Marrocos, onde várias vozes exigem a pena de morte para o "monstro" que matou o "pequeno Adnane".

A pena de morte continua vigente no país, mas não é aplicada desde 1993. Sua abolição é alvo de debate e os pedidos para aplicá-la ressurgem quando casos como este mobilizam a opinião pública.

São muitos os que pedem "justiça para Adnane" desde que seu corpo foi encontrado, na madrugada de sexta-feira para sábado, enterrado sob uma árvore perto de sua casa, em um bairro popular de Tânger (norte).

O menino desapareceu na segunda-feira passada depois de sair para executar uma tarefa. Sua família alertou a polícia e seu retrato foi amplamente compartilhado nas redes sociais.

Os internautas divulgaram imagens de má qualidade, tiradas por uma câmera de vigilância, que mostrava o menino caminhando ao lado de um desconhecido.

O homem, um operário de 24 anos que trabalha na imensa zona industrial da cidade portuária de Tânger, foi identificado e detido por "homicídio voluntário de um menor com atentado ao pudor", anunciou a DGSN, a polícia marroquina.

Segundo a investigação preliminar, "o acusado levou a vítima para um apartamento que aluga no mesmo bairro, o agrediu sexualmente e cometeu homicídio voluntário", antes de enterrá-lo.

Na segunda-feira, ele foi apresentado ao tribunal em Tânger, junto com seus três colegas de quarto, acusados de "não denunciar um crime".

Em uma mensagem de condolências à família por esta "perda cruel", o rei Mohamed VI condenou "um crime hediondo".

 

 

De acordo com a imprensa marroquina, o suspeito raspou a barba e mudou o penteado depois da agressão, com a esperança de não ser identificado.

Mas cometeu um erro ao enviar, de seu celular pessoal, um pedido de resgate aos pais do menino, fazendo-lhes acreditar que seu filho continuava vivo, segundo a mídia local.

O caso gerou uma onda de fúria em Tânger, cidade de mais de um milhão de habitantes, onde um protesto mobilizou centenas de pessoas no sábado.

Nas redes sociais, os pedidos para a pena de morte se multiplicam. "Nós, cidadãos marroquinos, mães e pais, pedimos a pena máxima, ou seja, a pena de morte para este criminoso", se lê em um deles, que recolheu mais de 5.000 assinaturas.

No entanto, há vozes em menor quantidade que se opõem, mencionando o direito à vida garantido na Constituição.

Após a descoberta do corpo, a associação "Não toque no meu filho" pediu às autoridades que ativem o dispositivo Alerta-Sequestro, que permitiu "salvar várias vidas de crianças na Europa".

Em termos mais gerais, o caso também destaca a questão da proteção à infância em um país regularmente marcado por casos de pedofilia.

Desde a prisão do suposto agressor de Adnane, a polícia anunciou ter detido outros dois pedófilos em Tânger e Safi (sul).

 

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