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Governo britânico anuncia novas medidas para frear novos casos de coronavírus

Aumento das multas é uma forma que o governo vê para cessar o crescimento do contágio da doença

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Publicado em 22/09/2020 às 18:35
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Elizabeth II está sob observação médica - FOTO: AFP

Toque de recolher para bares e restaurantes, ampliação da obrigatoriedade do uso de máscaras, restrições aos esportes, aumento das multas e policiais nas ruas: o primeiro-ministro Boris Johnson anunciou nesta terça-feira (22) novas medidas contra o coronavírus, após o aumento do número de casos no Reino Unido.

Muito criticado no início da pandemia pela demora na resposta, o líder conservador parece agora determinado a assumir o controle total ante a ameaça de segunda onda.

"Nunca em nossa história nosso destino coletivo e nossa saúde coletiva dependeram tão completamente de nosso comportamento individual", disse o premiê em uma mensagem à nação transmitida nesta noite no horário nobre.

Muitas partes do país já estavam sob restrições locais, mas agora elas são generalizadas e, diante das evidências de que alguns não as respeitavam, o primeiro-ministro tentou mobilizar as consciências, ao mesmo tempo que aumenta os controles e as multas.

"Temos que evitar voltar para o caminho" do confinamento geral como aconteceu em março, afirmou.

Ele alertou, contudo, que "reserva-se o direito de ir mais longe" se "as pessoas não seguirem as regras" e não for possível reduzir o índice de infecções.

Anteriormente, o primeiro-ministro havia detalhado as novas medidas no Parlamento, que alertou que elas podem estar em vigor por cerca de seis meses.

Depois de pressionar recentemente para que os trabalhadores voltassem aos escritórios e ressuscitassem os centros urbanos, ele pediu a todos que tiverem condições que voltem a trabalhar de casa.

Além disso, a partir de quinta-feira (24), pubs, bares e restaurantes serão limitados a servir apenas nas mesas e deverão fechar as portas às 22h.

Em um país onde o uso de máscara não está muito propagado, a obrigação incluirá, a partir de agora, funcionários dos estabelecimentos comerciais, usuários de táxis e funcionários e clientes de restaurantes, exceto para comer e beber.

O governo cancelou o retorno do público aos eventos esportivos, previsto para 1 de outubro, e todas as práticas esportivas coletivas internas para adultos serão limitadas a seis pessoas.

A infração às regras será punida com "penas mais severas", advertiu o primeiro-ministro, que prometeu uma "presença policial maior nas ruas".

Serão aplicadas multas de até 10.000 libras (13.000 dólares) para empresas e estabelecimentos comerciais que não respeitarem as restrições. E não usar a máscara, ou participar de reuniões com mais de seis pessoas, será punido com 200 libras na primeira infração.

 

As novas medidas "são necessárias agora, mas não eram inevitáveis", afirmou o líder da oposição, o trabalhista Keir Starmer, que criticou a confusão criada por um governo que "um dia estimula as pessoas a voltarem aos escritórios e, no outro, fala o contrário".

A principal organização patronal, CBI, lamentou o impacto sobre a atividade econômica dessas medidas, pedindo que elas sejam mantidas pelo "no menor tempo possível".

"Acho que são um golpe realmente esmagador em muitos aspectos", quando "estávamos começando a ver a recuperação, após uma boa retomada em julho", disse a diretor-geral da CBI, Carolyn Fairbairn, à BBC.

Os anúncios aconteceram um dia depois do aumento de 3 para 4, em uma escala até 5, do nível de alerta sobre a propagação do vírus. Deste junho, encontrava-se na faixa 3.

País mais afetado da Europa com quase 42.000 mortes confirmadas por covid-19, "o Reino Unido está vendo o número de infecções dobrar a cada sete dias", advertiu o assessor científico do governo, Patrick Vallance.

Se a pandemia seguir esta curva, "chegaremos a 50.000 casos por dia em meados de outubro" - contra 6.000 atualmente - e isto poderia provocar "200 mortes por dia, ou mais, em meados de novembro".

No ponto máximo da pandemia, o Reino Unido chegou a registrar quase 1.000 óbitos por dia.

"Se não mudarmos o rumo, o vírus vai disparar. Este é o caminho em que estamos", afirmou o principal conselheiro médico do governo, Chris Whitty, na segunda-feira (21).

De acordo com uma pesquisa expressa publicada na noite desta terça-feira pelo YouGov, 77% dos quase 3.500 entrevistados apoiam as novas medidas anunciadas por Johnson.

 

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