Um terremoto de magnitude 7 no Mar Egeu atingiu nesta sexta-feira (30) Turquia e Grécia, deixando 26 mortos e mais de 800 feridos - mais de 20 em estado grave. O tremor causou um pequeno tsunami, que provocou inundações e agravou a situação. Segundo o Serviço Geológico dos EUA (USGS), a terra começou tremer às 8h51 (hora local), a 17 quilômetros da costa da Província de Izmir, sudoeste da Turquia, a uma profundidade de 16 quilômetros.
Pelo menos 17 edifícios desabaram no bairro de Bayrakli, em Izmir, onde equipes de resgate, com cães farejadores, lutavam para alcançar as vítimas e possíveis sobreviventes em meio a uma série de vigas retorcidas e grandes pedaços de concreto de construções que desmoronaram. Cerca de 1.200 homens trabalhavam nos esforços de resgate.
Um jovem foi retirado dos destroços de um prédio e logo se reuniu com sua mãe, que acompanhava as escavações. "Meus três filhos estavam em casa. Eu não", disse ela à TV turca. "Eles estão todos bem, sobreviveram."
Segundo o governador de Izmir, a terceira cidade mais populosa da Turquia, com cerca de 3 milhões de habitantes, 70 pessoas haviam sido retiradas dos escombros. As autoridades montaram tendas com capacidade para 2 mil pessoas próximas das áreas com os maiores danos. O Gerenciamento de Emergências e Desastres da Turquia (Afad, na sigla em inglês) disse que uma das vítimas morreu afogada em Izmir.
"Estou acostumado com terremotos. Então, não levei muito a sério no início. Mas, desta vez, foi realmente assustador", disse Ilke Cide, estudante de doutorado que estava em Izmir no momento do tremor, acrescentando que durou, segundo ele, entre 25 e 30 segundos. Outro morador, Teoman Cuneyt Acar, disse à TV Haber Turk que o terremoto durou 45 segundos.
Na ilha grega de Samos, dois adolescentes, um menino e uma menina, foram encontrados mortos em uma área onde um muro havia desabado. Nove pessoas também ficaram feridas. "Não há palavras para descrever como alguém se sente diante da perda dessas crianças", disse o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis.
Logo após o tremor, autoridades gregas pediram que os moradores da ilha, que tem uma população de 45 mil habitantes, ficassem longe das áreas costeiras em razão do risco de tsunami. "Nunca experimentamos nada parecido", disse George Dionysiou, vice-prefeito de Samos. "As pessoas estão em pânico."
Na Turquia, o pequeno maremoto causou inundações na cidade costeira de Seferihisar. Embora nenhuma onda destrutiva tenha sido relatada, o nível da água subitamente subiu 1 metro e inundou grande parte da cidade turística, de 44 mil habitantes, segundo a emissora NTV.
Após o terremoto, o premiê grego telefonou para o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, para expressar suas condolências pelos mortos. Pelo Twitter, Erdogan esqueceu brevemente a rivalidade e disse que "o ato de dois vizinhos serem solidários nestes tempos difíceis tem mais valor do que muitas outras coisas".
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Turquia, os chanceleres dos dois países "destacaram que estão prontos para ajudar-se mutuamente em caso de necessidade".
A promessa é uma continuação da ajuda que a Grécia ofereceu à Turquia após o terremoto de 1999, que deixou 17 mil mortos, um gesto que permitiu a retomada das relações entre os dois países rivais. Na ocasião, a ajuda levou alguns especialistas a cunhar a frase "diplomacia do terremoto".
A União Europeia e a Otan também ofereceram ajuda à Turquia, disseram a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e o secretário-geral da aliança atlântica, Jens Stoltenberg. Turquia e Grécia estão situadas sobre importantes falhas geológicas e uma das zonas sísmicas mais ativas do mundo. Por isso, os terremotos são frequentes, sobretudo no mar. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo