Estados Unidos

Onda azul no radar: Democratas têm chances de vencer na Câmara, Senado e Casa Branca

Na avaliação do time de analistas da XP, um dos cenários mais prováveis é que aconteça uma vitória democrata no Senado, hoje dominado pelos republicanos

Leonardo Spinelli
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Leonardo Spinelli
Publicado em 01/11/2020 às 7:00
Lawrence Jackson - whitehouse.gov
CÂMARA Vitória democrata nas três Casas seria negativa aos mercados - FOTO: Lawrence Jackson - whitehouse.gov

Apesar das idiossincrasias do presidente Donald Trump, sua postura agressiva favoreceu um crescimento da economia até a chegada da pandemia e além disso, seu discurso é bastante favorável ao mercado. O democrata Joe Biden, por outro lado, é mais favorável à globalização.

Por essas razões, a eleição de qualquer um dos dois nesta terça teria um impacto parecido nos mercados mundiais, num cenário que pode ter variações a depender de como ficará as casas legislativas do país. A expectativa é de uma chamada blue wave, ou onda azul, com os democratas conseguindo maioria tanto no Senado quanto na Câmara dos Representantes.

Na avaliação do time de analistas da XP, um dos cenários mais prováveis é que aconteça uma vitória democrata no Senado, hoje dominado pelos republicanos. A expectativa seria de uma maioria técnica ou mínima (50-50 ou 51-49), mas uma vitória republicana na Casa não está descartada, apesar de uma possível redução no número dos assentos. Passaria das atuais 53 cadeiras para 51.

A chamada vitória técnica no Senado deriva da tradição americana de que o vice-presidente tem voto de Minerva. Então, se Biden vencer, Kamala Harris, sua vice, resolveria empates na Casa. A vitória dos democratas na Câmara é dada como certa.

Uma vitória dos democratas nas duas casas e na Casa Branca poderia afetar negativamente os mercados americanos, e como consequência, o brasileiro também. "Joe Biden é um candidato moderado de centro, ele não defende algumas propostas que seriam um pouco mais negativas para as empresas listadas na Bolsa, defendidas por alguns membros do partido Democrata como Bernie Sanders ou Elizabeth Warren", avalia Sol Azcune da XP.

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"Joe Biden é um candidato moderado de centro", avalia Sol Azcune analista de política internacional da XP investimentos - DIVULGAÇÃO

Por outro lado, diante da hipótese de uma blue wave, há ainda senadores do partido que devem representar estados de eleitores conservadores. "Por isso, é provável que alguns votem contra propostas do governo (democrata) em certos temas, como impostos ou regulações ambientais", complementa. Segundo ela, para ter maior tranquilidade na aprovação de matérias, Biden precisaria de uma maioria de 53 senadores ou mais "o que não é nosso cenário-base".

Antes da pandemia, era praticamente certo que os republicanos manteriam a maioria no Senado. Mas o cenário mudou e as pesquisas mostram que a queda de popularidade de Trump impulsiona também uma queda dos republicanos no senado. Alguns candidatos que pareciam ter uma disputa mais simples pela frente, estão lutando para conseguir manter a liderança ou até estão atrás dos democratas, relata a especialista. "Isso é bem relevante pensando na economia americana e é claro que isso tem um efeito no Brasil, porque o congresso dividido tem a capacidade de moderar algumas propostas mais arrojadas. Independente de quem vença, o presidente vai ter que negociar com pelo menos uma das Casas."

Portanto, mesmo que Biden consiga a vitória na próxima terça, seu poder decisório e de mudanças na política americana vai depender do resultado no Congresso, de quão apertado ou não é esse resultado e qual seria o poder de influência de Biden no caso de uma margem mínima. Caso contrário, a ala mais à direita da política americana manteria um grande poder de decisão nos EUA.

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Trump não vai contestar todos os estados, ele vai escolher aqueles onde o voto for mais acirrado, e geralmente isso tende a acontecer nos famosos swing states (estado pêndulos)." Sol Azcune, analista de política internacional da XP investimentos - FOTO:DIVULGAÇÃO

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