Os católicos de Nice rezam neste domingo, Dia de Todos os Santos, sob segurança máxima, com uma oração especial para as três vítimas do ataque de quinta-feira contra uma de suas igrejas, cometido por um jovem tunisiano que chegou à França "para matar", nas palavras do ministro do Interior.
No centro de Nice, muitos fiéis compareceram às primeiras missas do Dia de Todos os Santos na igreja de Voeu, cercada por militares armados.
"Estava apreensiva, com medo de vir", explica à AFP Claudia, de 49 anos, que, tranquilizada com a presença das forças de segurança, decidiu finalmente acompanhar a cerimônia religiosa. "Precisamos mostrar que não temos medo, que estamos aqui", completa.
A mobilização das forças de segurança foi reforçada em toda França, que está em vigilância máxima contra atentados.
O prefeito de Nice, Christian Estrosi, acompanhará uma cerimônia no domingo à noite na basílica de Notre-Dame da Assunção, onde três fiéis foram assassinados na quinta-feira em um ataque com faca.
O Dia de Todos os Santos, uma das principais datas católicas, celebra em 1º de novembro os santos conhecidos ou desconhecidos. No dia 2, Finados, as orações são voltadas para os falecidos, com visitas aos cemitérios.
Apesar do novo confinamento decretado no país pela pandemia de covid-19, o poder público autorizou os cultos até segunda-feira. Depois, as missas com público serão suspensas por um mês.
"Temos que mostrar aos demais que continuamos de pé! Nossa liberdade de expressão é justamente nossa liberdade de abrir nossas igrejas, onde proclamamos que nossa fé é uma mensagem de amor", afirmou o arcebispo de Nice, monsenhor André Marceau, em uma entrevista ao jornal Nice Matin.
Marceau pediu aos muçulmanos que adotem medidas contra o extremismo, ao mesmo tempo que afirmou "não sou Charlie", em referência ao semanário satírico que publicou caricaturas de Maomé e foi alvo de ataques jihadistas em 2015.
Seis pessoas já foram detidas no âmbito da investigação do ataque de quinta-feira em Nice, informou uma fonte judicial. O agressor, Brahim Issaoui, um tunisiano de 21 anos, gravemente ferido por policiais durante a detenção, continua hospitalizado ainda não teve condições de ser interrogado.
Brahim Issaoui "estava no território nacional há algumas horas. Obviamente veio aqui para matar. Como se explica por quê estava armado com várias facas assim que chegou?", afirmou o ministro do Interior, Gérald Damanin.
A Procuradoria Nacional antiterrorista tenta determinar se o criminoso teve cúmplices para executar o ataque "terrorista islamita", segundo as palavras do presidente francês Emmanuel Macron.
Issaoui, que tinha antecedentes judiciais por crimes menores, saiu em meados de setembro da Tunísia. O primeiro-ministro tunisiano, Hachem Mechichi, pediu aos ministros do Interior e da Justiça que cooperem plenamente com as autoridades francesas.
Ele teria chegado na terça-feira a Nice, depois de passar pela ilha italiana de Lampedusa, e foi gravado pelas câmeras de segurança próximas da basílica na véspera doa ataque, segundo uma fonte próxima à investigação.
Após a decapitação nas proximidades de Paris, em meados de outubro, de um professor que exibiu caricaturas de Maomé a seus alunos em uma aula sobre liberdade de expressão, Macron defendeu o direito de publicar as charges em nome da liberdade de expressão, o que gerou manifestações e pedidos de boicote de produtos franceses em alguns países muçulmanos.
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