Vacina

Estados Unidos se aproxima do grande desafio logístico da distribuição das vacinas

O plano é entregar o primeiro lote de doses da vacina da Pfizer em 24 horas a todos os hospitais e outros locais que as solicitarem

AFP
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Publicado em 07/12/2020 às 20:44 | Atualizado em 07/12/2020 às 20:44
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IMUNIZAÇÃO Nos Estados Unidos, 50,4% das pessoas com mais de 18 anos estão parcialmente imunizadas. No resto da América Latina, ritmo varia - FOTO: TÂNIA REGO/AGÊNCIA BRASIL

Caminhões e aviões de carga estão prontos para a distribuição das doses da vacina contra a covid-19 nos Estados Unidos, uma complexa operação logística comandada por um general, cujo ritmo deve ser mais lento do que o esperado durante os primeiros meses.

O General do Exército Gus Perna, diretor da Operação Warp Speed, passou semanas treinando suas tropas - militares do Departamento de Defesa e especialistas do Departamento de Saúde - antes do sinal verde da Agência de Medicamentos americana (FDA) para as vacinas Pfizer/BioNTech e Moderna, o que deve ocorrer logo após 10 e 17 de dezembro, respectivamente.

O plano é entregar o primeiro lote de doses da vacina da Pfizer em 24 horas a todos os hospitais e outros locais que as solicitarem. Das 6,4 milhões de doses disponíveis, metade será entregue imediatamente e a outra metade será reservada para uma segunda dose três semanas depois e, como medida de precaução, disse nesta segunda-feira (7) um alto funcionário do governo.

Nenhum soldado distribuirá a carga. O governo federal paga as doses e dá ordens à iniciativa privada, que vai cuidar de toda a logística.

As doses da Pfizer estão em sua fábrica em Kalamazoo, Michigan.

Seis caminhões sairão carregados diariamente com contêineres com 975 frascos e gelo seco para atingir -70 ° C - necessários para a conservação da vacina - rumo aos aeroportos onde serão distribuídos pela Fedex, UPS e outros empresas de logística. A Pfizer estima que 20 aviões transportarão suas vacinas por dia.

No caso da Moderna, o "envasamento" ocorre em sua subcontratada Catalent em Bloomington, Indiana, para onde a Moderna envia grandes bolsas de 50 litros da vacina, fabricados em New Hampshire.

O objetivo é "ter os caminhões literalmente esperando ao lado da fábrica para carregá-los e partir assim que a FDA aprovar", disse à AFP Stéphane Bancel, chefe da Moderna.

A lista de locais de entrega (hospitais, clínicas, depósitos de redes de farmácias parceiras, consultórios médicos, etc.) é compilada em 64 jurisdições (estados, territórios, cidades) e enviada para Warp Speed.

A função do general Perna é entregar o que está disponível em proporção à população, sem esquecer de enviar as mesmas quantidades das segundas doses, três semanas (Pfizer) ou quatro (Moderna) após a primeira.

"Queremos manter um ritmo voluntário, planejado e coordenado", disse Perna.

 

A partir da primavera, os planos do governo Trump era ter centenas de milhões de doses até o final de 2020. Os Estados Unidos finalmente receberão 40 milhões de doses em dezembro, o suficiente para vacinar 20 milhões de pessoas.

A Pfizer prometeu 100 milhões de doses em todo o mundo até o início de novembro, mas cortou sua previsão pela metade devido a um problema com os componentes.

"O componente de produção acabou sendo mais complicado e difícil do que esperávamos", admitiu Moncef Slaoui, cientista-chefe da Warp Speed, à CNN.

Nos últimos dias, as previsões ficaram ainda piores: enquanto as autoridades anunciaram na quarta-feira que haveria doses suficientes para imunizar 100 milhões de pessoas até o final de fevereiro, Slaoui adiou no domingo este prazo para "final ou meados de março".

Finalmente, uma vez que as embalagens de doses tenham sido entregues, como garantir a administração correta da vacina?

"Não vimos um plano detalhado sobre como tirar as doses das embalagens, colocá-las em uma seringa e injetá-las nos braços", disse o presidente eleito Joe Biden.

Esses detalhes práticos não são triviais para os técnicos, farmacêuticos e enfermeiras que terão que administrar duas, depois três e talvez seis vacinas no próximo ano.

A vacina Pfizer pode ser armazenada em sua caixa congelada por 30 dias, desde que o gelo seco seja reabastecido a cada cinco dias. "Eles deverão saber qual vacina deve permanecer no freezer, qual chega em um recipiente, qual deve permanecer a -80° C ou -20° C", disse Prashant Yadav, especialista em logística de saúde do Centro de Desenvolvimento global.

"Essa complexidade torna tudo mais difícil, porque sabemos que os procedimentos não são respeitados até que entrem na memória muscular de quem deve realizá-los, e não quando é necessário ler um manual."

Tudo isso será testado em oito dias. Em seu quadro branco, o general Perna escreveu uma data provisória para as primeiras entregas: 15 de dezembro.

 

 

 

 

 

 

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