CONFINAMENTO

Fantasma do 'lockdown' ameaça a Europa, assolada por novos focos de covid-19

Situação da nova cepa da covid se agravou no fim de 2020

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AFP

Publicado em 05/01/2021 às 20:36 | Atualizado em 05/01/2021 às 20:54
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Reino Unido, Alemanha e Itália intensificaram, ou prolongaram, as restrições a partir desta terça-feira (5) diante de uma pandemia que não cede, o que provoca o temor de um retorno do confinamento total em vários países da Europa, onde as autoridades são criticadas também pela lentidão nas campanhas de vacinação.

"A partir de hoje (terça-feira) devem permanecer em casa, com poucas exceções", afirmou o governo britânico no Twitter, poucas horas depois do anúncio do primeiro-ministro Boris Johnson sobre o novo confinamento dos 56 milhões de habitantes da Inglaterra.

O objetivo é, segundo o chefe de Governo, retomar "o controle da nova cepa" do coronavírus, que agravou a situação no fim de 2020 e provocou mais de 50.000 contágios diários na última semana. Ao contrário do segundo confinamento, Johnson também decidiu fechar todas as escolas desta vez.

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Na Escócia, o governo semiautônomo determinou o confinamento total a partir de terça-feira. Irlanda do Norte e Gales já haviam instaurado importantes restrições antes do Natal.

Segundo o ministro britânico Michael Gove, responsável pela coordenação da ação governamental, o confinamento permanecerá em vigor até março.

Com mais de 75.000 mortes por covid-19, o Reino Unido é o segundo país da Europa mais afetado pela pandemia, atrás apenas da Itália.

Neste contexto de emergência e, ao contrário do que acontece em outros países europeus, a campanha de imunização prossegue em alta velocidade no Reino Unido, onde na segunda-feira teve início a distribuição da vacina do laboratório britânico AstraZeneca e da Universidade de Oxford.

A situação no Reino Unido não é única. Outros países da Europa, a região mais afetada pela pandemia com mais de 589.000 vítimas fatais e 27,3 milhões de casos, temem que os novos focos provoquem mais medidas restritivas.

A Itália, com mais de 75.600 mortes, decidiu prolongar as restrições e adiar o retorno das aulas do Ensino Médio.

Na Alemanha, o governo prorrogou e apertou as restrições até 31 de janeiro. A maioria das lojas que não são de alimentos, bares e restaurantes, centros culturais e de lazer, além de escolas serão fechados. E, fora do núcleo de convivência, os encontros só podem ser com uma pessoa, ao invés das cinco atuais.

"As medidas que decidimos são drásticas", admitiu a chanceler alemã Angela Merkek, falando sobre uma "corrida contra o tempo".

Ao contrário da primeira onda, a gestão da segunda onda recebe críticas no país. O jornal Bild acusa o governo de ter contado "em demasia" com a União Europeia (UE) para o fornecimento de vacinas e de ter privilegiado o fármaco da Pfizer/BioNTech, cuja primeira dose já foi aplicada em mais de 264.000 pessoas.

Na França, onde até 1o de janeiro apenas 516 pessoas haviam recebido a vacina da Pfizer/BioNTech, o governo, encurralado pelas críticas, prometeu acelerar a campanha de vacinação.

Na Dinamarca, com limitações desde dezembro, o governo anunciou nesta terça-feira um endurecimento das restrições, e pediu que sejam evitados os contatos sociais, para preservar seu sistema de saúde contra a multiplicação de casos ligados à nova cepa detectada no Reino Unido

Na Espanha, onde a população também critica a lentidão da imunização, a pandemia privará as crianças das tradicionais cerimônias dos Reis Magos, populares desfiles que percorrem as cidades a cada 5 de janeiro.

Em todo mundo, a pandemia provocou mais de 1,85 milhão de mortes e 85,6 milhões de contágios desde seu surgimento na China, em dezembro de 2019.

Mais de um ano após seu surgimento, cientistas selecionados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) foram encarregados de investigar a origem da pandemia. Nesta terça-feira, no entanto, a equipe ainda não tinha todos os vistos necessários para viajar ao gigante asiático.

"Hoje fomos informados que as autoridades chinesas não concluíram as autorizações necessárias para a chegada da equipe à China", disse o diretor da instituição, Tedros Adhanom Ghebreyesus, admitindo que ficou "muito decepcionado".

A vacinação é a grande esperança de conter a pandemia, mas alguns países, diante da quantidade limitada de doses, deram a entender que pretendem aumentar o prazo recomendado entre as duas injeções necessárias, com o objetivo de imunizar um número maior de pessoas.

Diante dessa estratégia, os especialistas da OMS consideraram nesta terça-feira que, embora recomendem a administração das duas doses "dentro de um período de 21 a 28 dias", a segunda injeção desta vacina pode ser adiada por várias semanas "em circunstâncias excepcionais de contextos epidemiológicos e problemas de abastecimento ".

No entanto, para o laboratório alemão BioNTech, produtor da primeira vacina autorizada na Europa, comercializada em parceria com o grupo americano Pfizer, os prazos devem ser respeitados para garantir a eficácia máxima do fármaco.

Na América Latina, o México se tornou na segunda-feira o quarto país do mundo a autorizar a vacina AstraZeneca/Oxford, depois de Reino Unido, Argentina e Índia.

O país é o quarto mais afetado pela pandemia em número de mortes, com mais 127.700 óbitos, atrás de Estados Unidos, Brasil e Índia.

No total, a América Latina e o Caribe somavam mais de 513.500 mortes nesta terça-feira e 15,8 milhões de casos de covid-19, de acordo com uma contagem da AFP.

Na Argentina, as províncias de Chaco, Formosa, La Pampa e Santiago del Estero anunciaram limitações à circulação noturna e restrições de atividades, enquanto a província de Buenos Aires, a mais populosa do país, impôs restrições a algumas cidades onde foram registradas fontes de contágio.

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