OMS segue em busca de respostas sobre origens do coronavírus em Wuhan
O instituto de Wuhan conta com vários laboratórios de alta segurança, onde os pesquisadores trabalham para detectar a origem do novo coronavírus
Especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) visitaram nesta quarta-feira (3) o Instituto de Virologia de Wuhan, durante uma investigação sobre a origem do coronavírus nesta cidade chinesa.
A missão da OMS é um tema sensível para a China, que nega ser responsável pela eclosão da pandemia em 2019 e demorou mais de um ano para autorizar a visita de especialistas.
A visita ao Instituto de Virologia durou quatro horas e se tratou de um "encontro extremamente importante com o pessoal" e uma "discussão aberta e franca", disse no Twitter Peter Daszak, um dos integrantes da missão.
No entanto, Hung Nguyen-Viet, outro integrante da equipe, disse à AFP que "é muito pouco provável que durante uma missão tão curta obtenhamos respostas muito específicas ou definitivas".
Além disso, passou um ano entre o surgimento do vírus em Wuhan e muitos analistas duvidam que a missão da OMS encontre indícios reveladores do início da epidemia, que desde então deixou ao menos 2,5 milhões de mortos e 104 milhões de contagiados no mundo, segundo uma contagem da AFP.
O instituto de Wuhan conta com vários laboratórios de alta segurança, onde os pesquisadores trabalham com coronavírus, e possui a maior coleção de cepas da Ásia, com 1.500 espécimes diferentes, segundo seu site na internet.
O ex-presidente americano Donald Trump acusou a instituição de ter deixado escapar o vírus causador da covid-19, provocando a pandemia. Pequim nega taxativamente a acusação.
A China, por sua vez, destaca seu êxito em conter o avanço do vírus, assim como sua produção de vacinas, com exportações para vários países.
Primeiros beneficiários do Covax
Até esta quarta-feira, 104,7 milhões de pessoas em 82 países e territórios tinham recebido pelo menos a primeira dose da vacina contra o coronavírus, segundo uma contagem da AFP. Os países mais ricos, apesar de abrigarem apenas 16% da população mundial, representam 65% destas doses já administradas.
Em Israel, 37% da população recebeu pelo menos uma dose da vacina desenvolvida pelos laboratórios Pfizer-BioNTech, o maior percentual do mundo.
O dispositivo Covax, da ONU, destinado a fornecer vacinas a países desfavorecidos, publicou nesta quarta-feira a lista de seus primeiros beneficiários: Índia, Nigéria, Paquistão, Indonésia, Brasil e Bangladesh serão os países que receberão mais doses, proporcionalmente à sua população.
A distribuição das vacinas será "proporcional ao tamanho da população" de cada um dos 145 países incluídos na lista do sistema Covax, disse Ann Lindstrand, especialista da OMS em vacinas, durante coletiva de imprensa em Genebra.
Na corrida mundial pela vacina, a Europa manifestou interesse nos imunizantes desenvolvidos na China e na Rússia, sob certas condições.
"Se os produtores russos e chineses abrirem seus expedientes, mostrarem transparência, todos os seus dados (...), então poderiam ter uma autorização condicional de comercialização como os demais", declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, segundo fontes parlamentares.
A Alemanha parece ser a principal defensora do uso da russa Sputnik V na UE, ao que França e Espanha disseram estar abertas, se a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) a validar. Mas as primeiras 40.000 doses da vacina russa chegaram nesta terça-feira à Hungria, primeiro país da UE a autorizá-la, sem esperar o aval da EMA.
Até o momento, a Sputnik V foi homologada em 15 países, entre eles antigas repúblicas soviéticas, aliados políticos como Venezuela e Irã e países como Argentina e México. Mais do que exportar, a Rússia quer fechar acordos de cooperação para que outros países produzam a sua vacina que, por enquanto, é fabricada em países como Brasil, Índia, Coreia do Sul e Cazaquistão.
Em aumento
A região da América Latina e do Caribe superou na terça os 600.000 mortos, com o Brasil e o México concentrando metade deles, com 226.309 e 159.533 óbitos, respectivamente.
A Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) disse que México, Colômbia e Brasil registraram uma alta nas infecções de covid-19 na última semana, enquanto nos Estados Unidos e no Canadá os contágios finalmente diminuíram após semanas de aumento constante.
"No México, os casos e as mortes continuam aumentando, particularmente nos estados que atraíram um turismo significativo durante a temporada natalina, como Guerrero, Quintana Roo, Nayarit e Baixa Califórnia do Sul", destacou durante coletiva de imprensa a diretora da OPAS, Carissa Etienne.
Na América do Sul, "a Colômbia continua reportando a maior incidência de casos, seguida do Brasil, que continua registrando aumentos exponenciais tanto de casos quanto de mortes na cidade de Manaus", acrescentou.
O presidente colombiano, Iván Duque, pediu ajuda internacional para vacinar cerca de um milhão de venezuelanos que estão irregularmente na Colômbia, após criticar a "magra" resposta de organizações e países ante a maior crise migratória do continente.
Segundo cifras da ONU, há 5,4 milhões de migrantes e refugiados venezuelanos no mundo, 1,7 milhão deles na Colômbia.
Enquanto isso, a Bolívia alcançou "a centena de colegas (médicos) falecidos", afirmou Edil Toledo, dirigente do Colégio de Médicos do departamento de Santa Cruz (leste). "Em menos de um mês [janeiro], temos 20 colegas" mortos, acrescentou.