EUA deporta para Alemanha ex-guarda de campo de concentração nazista de 95 anos
Homem foi deportado por participar de 'atos de perseguição promovidos pelos nazistas'
Um cidadão alemão de 95 anos que foi guarda de um campo de concentração nazista e vivia nos Estados Unidos foi deportado para a Alemanha neste sábado (20) - informou o Departamento americano de Justiça.
Friedrich Karl Berger, que viveu no Tennessee e tinha cidadania alemã, foi deportado por ter sido guarda armado do campo de concentração Neuengamme, em 1945, afirmou o departamento.
Berger foi deportado por participar de "atos de perseguição promovidos pelos nazistas", acrescentaram as autoridades judiciais.
"A deportação de Berger demonstra o compromisso do Departamento de Justiça e das autoridades com garantir que os Estados Unidos não sejam um lugar seguro para aqueles que participaram de crimes nazistas contra a humanidade e de outros abusos aos direitos humanos", disse o procurador-geral interino, Monty Wilkinson.
Um juiz de imigração ordenou em março do ano passado a deportação de Berger, que morava nos Estados Unidos desde 1959.
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Berger estava estacionado perto de Meppen, na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, onde os prisioneiros foram mantidos em condições "atrozes" e trabalhavam "até a morte", disse a juíza Rebecca Holt, em sua decisão.
No julgamento, Berger admitiu que evitou que prisioneiros escapassem do campo de concentração de Neuengamme. Disse ainda não saber que os presos eram maltratados e que alguns morreram. Garantiu que apenas seguia ordens.
A Justiça também descobriu que, em março de 1945, ante o avanço das forças britânicas e canadenses, Berger ajudou a vigiar prisioneiros, enquanto eram evacuados à força, em condições desumanas. Pelo menos 70 pessoas morreram.
Entre os presos, havia "judeus, poloneses, russos, dinamarqueses, alemães, letões, franceses, italianos e opositores políticos" dos nazistas, detalhou a Procuradoria Geral dos Estados Unidos.
Mais de 40.000 prisioneiros morreram no campo de concentração de Neuengamme, de acordo com os registros históricos.
Berger voou para a Alemanha neste sábado e desembarcou em Frankfurt, onde será interrogado. Ainda não está claro se ele será julgado em seu país de origem. A Justiça alemã abandonou o processo contra Berger em dezembro de 2020, citando evidências insuficientes.
O Departamento americano de Justiça reuniu provas de arquivos americanos e europeus, "incluindo registros do histórico julgamento de Nuremberg".
Este ano, completa-se o 75º aniversário do julgamento de Nuremberg, durante o qual juristas dos países Aliados, vencedores da Segunda Guerra Mundial, submeteram a processo as principais figuras do regime nazista sob a lei internacional. Doze acusados foram condenados à morte.