Índia enfrenta pior dia da pandemia; Europa e EUA aceleram vacinação
Situação da pandemia de covid-19 é bem diferente em vários países do mundo
A covid-19 prosseguiu com o avanço implacável na Índia, com o recorde de mais de 2.000 mortos em 24 horas, enquanto a União Europeia (UE) promete acelerar a vacinação com o imunizante da Johnson & Johnson e o governo dos Estados Unidos anunciou que alcançará esta semana a marca de 200 milhões de doses aplicadas.
A Índia, país de 1,3 bilhão de habitantes, registrou ainda 295.000 casos diários pela primeira vez, em uma das ondas mais graves do coronavírus, que matou em todo o planeta mais de três milhões de pessoas e infectou mais de 142 milhões.
"A situação estava sob controle há algumas semanas e a segunda onda chegou como um furacão", disse o primeiro-ministro, Narendra Modi.
O país enfrenta problemas de escassez de vacinas e proibiu as exportações de doses do fármaco da AstraZeneca produzidas localmente, enquanto os hospitais enfrentam um cenário cada vez mais grave.
"Tenho medo por meus pais e parentes, mais do que por mim, porque não são jovens e ser internado em um hospital agora é quase impossível", declarou um morador da capital Nova Délhi à AFP.
Em outros países, os governos temem aumentos similares de casos, enquanto as campanhas de vacinação avançam de maneira díspar.
ESTADOS UNIDOS
Os Estados Unidos, país mais afetado do mundo, com mais de 568.000 mortes e 31,8 milhões de casos, devem alcançar esta semana a meta do presidente Joe Biden de administrar 200 milhões de doses de vacinas em seus primeiros 100 dias de mandato, afirmou uma fonte da Casa Branca que pediu anonimato.
Quando assumiu o cargo em 20 de janeiro, Biden se comprometeu a alcançar 100 milhões de doses nos 100 primeiros dias de mandato. Em 25 de março, com o objetivo perto de ser superado, o presidente dobrou a meta.
EUROPA
A União Europeia prometeu que terá doses suficientes para imunizar 70% da população adulta até meados de julho.
Até o momento, pouco mais de 20% dos adultos receberam ao menos uma dose da vacina na UE, segundo o Centro Europeu para a Prevenção e o Controle das Doenças.
Na terça-feira, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) homologou o uso da vacina anticovid de apenas uma dose da Johnson & Johnson, ao destacar que os casos de coágulos sanguíneos devem ser incluídos na lista de efeitos colaterais "muito raros" do imunizante, cujos benefícios continuam sendo maiores que os riscos.
Diante dos atrasos na vacinação, os governos tentam adotar outras medidas para frear a pandemia, incluindo restrições e toques de recolher.
Nesta quarta-feira, o Parlamento da Alemanha aprovou uma lei para reforçar os poderes da chanceler Angela Merkel nos setores de saúde e educação, para os quais as regiões têm competências. O texto é polêmico devido ao apego do país ao sistema federal e inclui medidas controversas, como toques de recolher noturnos para frear a pandemia.
Na Espanha, muitos pacientes tentam se recuperar das sequelas do vírus, sobretudo motores e respiratórias, nos hospitais, com o auxílio de fisioterapeutas.
"Não caminho sozinha. De fato, não sabia se conseguiria levantar", disse à AFP Carolina Gallardo, de 51 anos, no hospital Isabel Zendal de Madri.
Em outros países europeus, como Holanda, Dinamarca e Itália, foram anunciadas flexibilizações das restrições nos próximos dias, com o fim de toques de recolher e a reabertura de áreas a céu aberto de cafés e restaurantes.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou esperar que seu país alcance a imunidade coletiva contra a covid-19 no outono (hemisfério norte, primavera no Brasil).
No Oriente Médio, o Iraque superou a marca de um milhão de contágios desde o início da pandemia, que provocou mais de 15.000 mortes no país.
AMÉRICA LATINA
Na América Latina, a pandemia não dá trégua. A região é a segunda mais afetada do mundo em mortos e contágios, atrás apenas da Europa, e os governos tentam estimular as campanhas de vacinação.
Neste sentido, a Cúpula Ibero-Americana semipresencial que acontece nesta quarta-feira em Andorra busca mais acesso a vacinas e financiamento para a recuperação pós-covid da região.
O papa Francisco pediu aos governantes ibero-americanos que garantam uma "distribuição equitativa" dos imunizantes.
A Colômbia autorizou o setor privado a comprar e distribuir vacinas anticovid sob condições. O Panamá permitirá que mulheres com mais de 50 anos e homens com mais de 30 anos tomem a vacina da AstraZeneca.
Na Argentina, que registrou quase 30.000 casos nas últimas 24 horas, a ministra da Saúde, Carla Vizzotti, advertiu que o país enfrenta o pior momento da pandemia e pediu que as autoridades priorizem a saúde e não a política, no momento em que a prefeitura de Buenos Aires resiste na justiça ao fechamento temporário das escolas ordenado pelo governo federal.