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Indonésia confirma que submarino desaparecido com 53 pessoas a bordo naufragou

A Marinha havia estimado que a tripulação teria oxigênio para sobreviver 72 horas em caso de pane elétrica, mas esse prazo terminou esta manhã

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AFP

Publicado em 24/04/2021 às 15:02
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As autoridades indonésias confirmaram neste sábado (24) que o submarino que desapareceu na costa de Bali com 53 pessoas a bordo na última quarta-feira (21) afundou, após a descoberta de destroços e objetos no mar.

"Com base nos elementos que encontramos e que vêm do 'KRI Nanggala', mudamos a situação do submarino de 'desaparecido' para 'afundado'", declarou Yudo Margono, porta-voz da Marinha da Indonésia, em uma entrevista coletiva.

As equipes militares de resgate mobilizadas encontraram destroços do submarino e objetos de dentro do aparelho, sugerindo danos irreparáveis.

 

A Marinha havia estimado que a tripulação teria oxigênio para sobreviver 72 horas em caso de pane elétrica, mas esse prazo terminou esta manhã.

Centenas de militares e cerca de 20 embarcações foram mobilizados para localizar o "KRI Nanggala 402".

Os objetos recuperados "não poderiam ter saído do submarino sem uma pressão externa ou sem danos em seu sistema de lança-torpedos", explicou o porta-voz da Marinha.

Yudo Margono descartou, no entanto, uma possível explosão, estimando mais provável que o submarino tenha rompido devido à pressão da água em profundidade superior a 800 metros, acima de seu limite de resistência.

Entre os objetos recuperados está um fragmento do sistema de torpedos e uma garrafa de lubrificante usado para o periscópio do submarino. Também foi encontrada uma almofada de oração utilizada pelos muçulmanos.

A busca pelo submersível e pela tripulação vai continuar, disse o militar, que alertou que as águas profundas tornam esta tarefa "muito arriscada e difícil".

Além disso, foi detectada uma mancha de óleo na área onde o submarino naufragou, sugerindo o rompimento de um tanque de combustível.

Esta mancha de combustível é um "mau sinal", comentou o vice-almirante francês Jean Louis Vichot, ex-comandante de submarinos nucleares estratégicos (SNLE). "Esse diesel fica guardado em tanques, fora e dentro. Se o casco rompe, os tanques rompem e o diesel vem à superfície", explicou à AFP.

As autoridades militares anunciaram que o submersível poderia ter afundado a cerca de 700 metros, uma profundidade maior do que aquela que o submarino, fabricado há 40 anos, poderia suportar.

Esse tipo de submarino foi projetado para suportar pressões de até 300 ou 400 metros de profundidade.

Seu casco corre o risco de se romper em caso de pressão mais forte, de acordo com o especialista francês.

Segundo a Marinha indonésia, o submarino, entregue à Indonésia em 1981, estava em boas condições de serviço.

O 'KRI Nanggala 402', fabricado na Alemanha, solicitou autorização para submergir na quarta-feira pela manhã no âmbito de manobras militares e desapareceu.

O arquipélago do Sudeste Asiático - sem capacidades para conduzir sozinho a operação de resgate - recorreu à ajuda de outros países.

Os Estados Unidos enviaram uma equipe de resgate para ajudar e a Austrália também enviou dois navios para a área.

A Indonésia não registrou incidentes graves relacionados com seus submersíveis, mas outros países sofreram acidentes deste tipo.

Uma das tragédias mais conhecidas ocorreu em 2000, quando o submarino nuclear russo "Kursk" afundou enquanto fazia manobras no Mar de Barents com 118 tripulantes a bordo.

Um dos torpedos explodiu, destruindo todo o depósito de munição. 23 marinheiros sobreviveram à explosão, mas morreram porque não foram resgatados a tempo.

Em 2017, o submarino da frota argentina "San Juan", com 44 tripulantes, desapareceu a cerca de 400 km da costa argentina.

Uma explosão subaquática foi registrada perto de sua última posição.

Em 2019, os restos do submarino Minerva, que naufragou em 1968 com 52 homens a bordo, foram encontrados no Mediterrâneo.

O submersível da Marinha francesa, que realizava manobras a trinta quilômetros da costa de Toulon (sudeste da França), afundou em quatro minutos e se rompeu no fundo do mar por motivos até agora desconhecidos.

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