Ataque armado a dois bares deixa 18 mortos no Peru
O massacre foi atribuído à guerrilha pelo Comando Conjunto das Forças Armadas
Dezoito pessoas, entre elas duas crianças, foram mortas a tiros dentro de dois bares em um vale remoto de cultivo de coca no Peru, onde atuam remanescentes da guerrilha maoísta Sendero Luminoso, que autoridades classificam como grupo terrorista, anunciaram as Forças Armadas nesta segunda-feira.
O massacre foi realizado na noite passada e atribuído à guerrilha pelo Comando Conjunto das Forças Armadas. O caso pode aumentar a tensão na campanha para o segundo turno das eleições presidenciais, em 6 de junho, entre o esquerdista Pedro Castillo e a direitista Keiko Fujimori.
"Agora temos 18" mortes no ataque aos bares, declarou nesta segunda-feira à noite o chefe da Diretoria contra o Terrorismo da Polícia, general Óscar Arriola, à emissora RPP. Inicialmente o governo noticiou 14 óbitos no ataque.
Os assassinatos ocorreram na aldeia de San Miguel del Ene, localizada no distrito de Vizcatán del Ene, de 5 mil habitantes, uma região onde ainda há remanescentes do grupo Sendero Luminoso.
As vítimas são 10 homens, seis mulheres e duas crianças, completou Arriola, que informou que alguns dos cadáveres recém-descobertos foram encontrados nas proximidades dos bares atacados.
"Foram encontrados no local panfletos ordenando à população que não participe do processo eleitoral", informou o Comando Conjunto, que atribuiu o ataque a uma coluna senderista comandada por Víctor Quispe Palomino ("Camarada José").
"Condeno e repudio energicamente o assassinato de 14 pessoas naquela região", tuitou o presidente interino peruano, Francisco Sagasti, que ordenou o envio de patrulhas militares e policiais ao local, "para que essa ação terrorista não fique impune".
A ministra da Defesa, Nuria Esparch, afirmou que os responsáveis serão punidos e declarou que o governo Sagasti "garante a realização de eleições livres, transparentes e ordenadas". O Ministério Público encarregou uma unidade especializada em terrorismo de realizar as investigações.
O prefeito de Vizcatán del Ene, Alejandro Atao, e o juiz de paz Leonidas Casas contaram à polícia que, após serem alertados por vizinhos, nesta madrugada, foram até os bares, onde encontraram os corpos. Eles relataram que havia no local cartuchos de balas e panfletos convocando a limpar a a região "e o Peru de antros do mal viver, de parasitas e corruptos". Os papéis eram assinados pelo Comitê Central do "Militarizado Partido Comunista do Peru" (Sendero).
Casas contou ainda que, "na área dos caixas dos estabelecimentos, foi observada uma fumaça que vinha de quatro corpos, entre eles o de duas crianças carbonizadas, irreconhecíveis", indica um relatório policial.
Quase todos os líderes do Sendero Luminoso estão presos, mas seus remanescentes, comandados pelo Camarada José, ainda atuam no maior vale de cultivo de folha de coca do Peru, sob vigilância militar desde 2006. Partidários de Keiko Fujimori tentam relacionar Pedro Castillo ao braço político do Sendero, o que o candidato nega. Em publicação no Twitter, ele condenou "esse atentado terrorista" e pediu "que se aplique todo o peso da lei" sobre os autores.
Keiko também lamentou o ataque. "Lamento profundamente que, mais uma vez, atos sangrentos estejam ocorrendo em nosso país", disse ela a jornalistas.
Os líderes históricos da guerrilha, que estão presos, afirmam que a facção não opera sob seu comando e negam laços com o narcotráfico.