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México elege deputados em eleição-chave para López Obrador

Os mexicanos votaram neste domingo (6) nas eleições legislativas e locais

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AFP

Publicado em 06/06/2021 às 23:59
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Os mexicanos votaram neste domingo (6) nas eleições legislativas e locais, um teste fundamental para o presidente Andrés Manuel López Obrador, de luto pelo assassinato de cinco indígenas que participavam na organização da eleição.

A chacina aconteceu na véspera da votação, quando pistoleiros emboscaram um grupo de pessoas que transportava material eleitoral em uma camionete para uma cidade do estado de Chiapas (sul), informou o Ministério Público.

O fato prolongou o rastro de morte de uma campanha que resultou em 89 políticos assassinados desde setembro, 36 deles candidatos ou pré-candidatos, segundo a consultoria Etellekt.

O acontecimento prolongou o rastro de morte de uma campanha que resultou em 89 políticos assassinados desde setembro, 36 deles candidatos ou pré-candidatos, segundo a consultoria Etellekt.

Os colégios eleitorais fecharam as portas às 18h00 do horário local na maior parte do México, após 10 horas de votação para renovar a Câmara dos Deputados, cerca de 20.000 assentos regionais e 15 de 32 governadores. Com o país tendo três fusos horários, a votação nos estados do noroeste continuará por mais duas horas.

O Instituto Nacional Eleitoral (INE) planeia divulgar uma contagem rápida das eleições legislativas por volta das 23h00 locais (01h00 de Brasília).

O governo relatou alguns incidentes isolados de violência.

Foi um teste crucial para López Obrador, após os efeitos devastadores da pandemia de covid-19.

O presidente de 67 anos tenta manter o controle da Câmara dos Deputados (dois terços dos 500 assentos) para consolidar seu projeto de esquerda.

Os mexicanos "estão escolhendo entre duas visões opostas do México e seu futuro", comentou Pamela Starr, professora da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos.

Cerca de 95 milhões de mexicanos estavam convocados a votar.

- Voto polarizado -
Embora o México seja um dos países mais afetado pela pandemia, a perspectiva de um voto punitivo contra o governo pareceu enfraquecida diante do retrocesso da epidemia, de acordo com pesquisas.

López Obrador, conhecido pelo acrônimo AMLO, mantém uma popularidade superior a 60% e espera-se que mantenha uma maioria cômoda no Congresso para impulsionar reformas em sua cruzada contra o neoliberalismo. É provável, porém, que a situação perca alguns assentos, de acordo com pesquisas.

Apresentando-se como um pilar da luta contra a corrupção crônica, o presidente foi eleito em 2018 para um mandato de seis anos e baseia sua aprovação em amplos programas sociais.

"Infelizmente veio a pandemia. Sem ela, o governo teria sido melhor. Não tenho queixas, é por isso que estou aqui", disse Tania Calderón, uma funcionária de 37 anos, à AFP antes de votar na Cidade do México.

Pelo contrário, Alejandra Bernal, uma estudante de direito de 22 anos, expressou seu desacordo nas urnas.

“O México teve a oportunidade de tomar medidas prévias e isso não foi feito. Mas essa responsabilidade é dos governos e dos cidadãos. Meu voto foi para a direita”, disse a jovem.

O país, de 126 milhões de habitantes, acumula quase 229.000 mortes por covid-19 - quarto no mundo em números absolutos - e sua taxa de mortalidade é a vigésima primeira por 100.000 habitantes.

Violência eleitoral -
Em cidades de Guerrero e Jalisco - dois dos estados mais violentos do país - as eleições ocorreram em clima de tensão devido às pressões de cartéis de drogas e outras gangues do crime organizado, que, segundo o governo, buscavam influenciar o processo eleitoral.

"Há muitas ameaças em todos os lugares, isso é terrível. Não há respeito por nada", disse um eleitor em Chilapa (Guerrero) à AFP sob anonimato.

Essa escalada da violência é parte do banho de sangue que assola o país desde 2006, quando o governo da época lançou uma operação militar contra o tráfico de drogas.

- Maioria chave -
A aliança no poder, liderada pelo partido Morena da AMLO, tem maioria qualificada na Câmara dos Deputados (dois terços dos 500), que é eleita a cada três anos.

De acordo com uma pesquisa consolidada da empresa Oraculus, o partido no poder poderia perder esse domínio, embora por pouco, ao passar de 333 para 322 cadeiras.

É necessária maioria qualificada em ambas as casas para aprovar as reformas constitucionais. Até agora, a situação precisa apenas buscar acordos com a oposição no Senado, que controla sem ter dois terços das cadeiras.

Mas, se as previsões se confirmarem, isso também terá que ser feito na Câmara dos Deputados.

Um retrocesso poderia fragilizar o projeto da AMLO, que promove reformas para devolver ao Estado o protagonismo no setor energético, contrariando as leis que ampliaram a participação privada em 2014.

Desde 1997, as eleições legislativas reduziram ou acabaram com a força majoritária dos partidos no poder.

Enfraquecida durante o governo López Obrador, a oposição concorre com uma aliança de partidos tradicionais: o ex-hegemônico PRI (centro), o PAN (conservador) e o PRD (esquerda).

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