Crime

Padre é assassinado na França por suspeito de incendiar catedral de Nantes

O suspeito, um ruandês, entregou-se à polícia e foi colocado sob controle judicial

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AFP

Publicado em 09/08/2021 às 22:03
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Um padre foi assassinado nesta segunda-feira (9) na localidade de Saint-Laurent-sur-Sèvre, oeste da França, supostamente pelo autor do incêndio ocorrido na catedral Nantes em julho de 2020.

O suspeito, um ruandês, entregou-se à polícia e foi colocado sob controle judicial, relatou à AFP uma fonte ligada à investigação. Segundo informações preliminares, a vítima, Olivier Maire, morreu após receber vários golpes. O eclesiástico, 60 anos, acolhia o suspeito "há vários meses", segundo outra fonte policial.

"Nenhuma motivação terrorista" aparece nesse caso, declarou o vice-promotor de La-Roche-Sur-Yon, Yannick Le Goater. O homem havia recebido alta em 29 de julho do Hospital Georges Mazurelle, onde ficou internado por um mês no serviço psiquiátrico, acrescentou.

A prisão do suspeito foi levantada à noite, por "incompatibilidade com o seu estado de saúde", e ele foi internado, informou uma fonte ligada ao caso. O homem, um solicitante de asilo de Ruanda que vive na França há vários anos, trabalhava como voluntário na igreja e confessou ter ateado fogo à catedral gótica de Nantes em 18 de julho de 2020.

Le Goater anunciou a abertura de uma investigação por "homicídio doloso". O suspeito chegou a ser preso, mas depois foi libertado sob controle judicial, enquanto aguarda julgamento.

Polêmica

O presidente da França, Emmanuel Macron, expressou seu "afeto" pela comunidade religiosa de Montfortians, à qual pertencia o sacerdote de 60 anos.

O assassinato imediatamente gerou uma disputa entre a extrema direita e o governo sobre a imigração, menos de um ano antes das eleições presidenciais, nas quais se espera que a questão ganhe destaque.

A líder da extrema direita, Marine Le Pen, que acusa o governo de não agir o suficiente em matéria de imigração, reagiu à notícia. Na França, declarou ela, "você pode ser um imigrante ilegal, incendiar uma catedral, não ser expulso e depois reincidir, assassinando um padre".

Darmanin imediatamente a acusou de "criar uma polêmica sem conhecer os fatos". Ele explicou que o homem não podia ser expulso da França, enquanto estivesse sob controle judicial.

O incêndio em Nantes ocorreu 15 meses após o devastador incêndio de 2019 na Catedral de Notre-Dame de Paris, que levantou questões sobre os riscos de segurança para outras igrejas históricas em toda França.

Embora os bombeiros tenham conseguido conter o incêndio de Nantes em apenas duas horas e salvar a estrutura principal, seu famoso órgão, que datava de 1621 e havia sobrevivido à Revolução Francesa e aos bombardeios da Segunda Guerra Mundial, foi destruído.

Também se perderam objetos e pinturas de valor inestimável, como uma obra do artista do século XIX Jean-Hippolyte Flandrin.

O último ataque mortal cometido contra um membro da Igreja Católica na França havia sido em 29 de outubro, quando um tunisiano matou o sacristão e dois fiéis com uma faca na basílica de Nice (sudeste).

Em 2016, um padre foi decapitado por dois jihadistas na cidade de Saint-Etienne-du-Rouvray, no norte da França.

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