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Governador de Nova York, Andrew Cuomo, renuncia após acusações de assédio sexual

Cuomo anunciou sua renúncia nesta terça-feira (10), depois que 11 mulheres o acusaram de assédio sexual e que seus colegas democratas pediram sua demissão

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AFP

Publicado em 10/08/2021 às 20:04 | Atualizado em 10/08/2021 às 20:04
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O governador de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou sua renúncia nesta terça-feira (10), depois que 11 mulheres o acusaram de assédio sexual e que seus colegas democratas pediram sua demissão.

Foi uma reviravolta surpreendente para Cuomo, de 63 anos, que há apenas um ano era elogiado pela sua gestão da pandemia de covid-19 e agora está cercado por acusações de assédio e denúncias de ter ocultado a magnitude das mortes nos lares de idosos.

"Acho que, dadas as circunstâncias, a melhor forma de ajudar agora é me afastar e deixar o governo voltar a ser governo", disse Cuomo em um discurso ao vivo.

"Minha renúncia terá efeito dentro de 14 dias".

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou "respeitar a decisão" de Andrew Cuomo, após pedir a renúncia do governador há uma semana.

Cuomo, que entregará o governo para a vice-governadora também democrata Kathy Hochul, negou as acusações de assédio sexual em um relatório publicado na semana passada pelo escritório da procuradora-geral de Nova York, Letitia James.

"O relatório dizia que eu teria abusado sexualmente de 11 mulheres", disse Cuomo. "Essa foi a manchete que as pessoas escutaram e viram. A reação foi de indignação. Tinha que ser. No entanto, também era falsa".

Porém, hoje ele afirmou que quer "se desculpar profundamente, profundamente" com qualquer mulher que possa ter se sentido ofendida pelas suas ações.

"Fui muito informal com as pessoas", disse. "Abraço e beijo as pessoas casualmente, as mulheres e os homens. Fiz isso por toda a minha vida".

"Na minha cabeça, nunca cruzei a linha com ninguém", acrescentou. "Mas não percebi até qual ponto a linha foi redesenhada".

"Há mudanças geracionais e culturais que não considerei totalmente. E deveria ter considerado. Não há desculpas", continuou.

"Pensei que um abraço e colocar o braço em volta de uma funcionária enquanto tirávamos uma foto era amigável, mas para ela isso pareceu atrevido demais", disse Cuomo.

"Beijei uma mulher na bochecha em um casamento e pensei que estava sendo amável, mas para ela pareceu agressivo demais", acrescentou.

"Já era hora de Andrew Cuomo renunciar, pelo bem de toda Nova York", afirmou o prefeito da cidade, o democrata Bill de Blasio, abertamente hostil com o governador.

Cuomo, cujo pai Mario também foi governador de Nova York, foi eleito em 2010 e ganhou facilmente a reeleição neste estado fortemente democrata, em 2014 e 2018.

O político se descreveu como um "nova-iorquino de nascimento e criação" e "um lutador".

"Meu instinto é lutar por meio desta controvérsia porque realmente acredito que tem uma motivação política", afirmou.

No entanto, decidiu se afastar. Segundo ele, uma luta pela sua destituição "consumiria o governo", custaria milhões de dólares aos contribuintes e "atordoaria as pessoas".

"Agora, o governo realmente precisa funcionar", enfatizou. "O governo precisa agir. Gastar energia em distrações é a última coisa que deve fazer".

Cuomo descreveu Hochul, que se tornará a primeira mulher a governar Nova York, como "inteligente e competente".

Sem declarar-se oficialmente candidata, Kathy Hochul mostrou suas ambições nesta terça-feria ao afirmar estar "pronta para ser a 57ª governadora de Nova York. Outro nome frequentemente mencionado de possível candidata nas próximas eleições é o da própria procuradora-geral do estado, Letitia James.

Nos últimos dias, Cuomo enfrentou uma forte pressão para renunciar.

O próprio presidente Joe Biden, assim como os senadores democratas de Nova York e vários deputados estaduais, pediram que ele saísse do cargo.

Seu anúncio ocorre poucos dias após a renúncia de uma de suas principais assessoras, Melissa DeRosa, e da apresentação de uma denúncia criminal contra ele por parte de uma ex-assistente executiva, Brittany Commisso.

Em sua denúncia, Commisso alega que Cuomo a tocou inadequadamente em duas ocasiões, passando a mão em seu traseiro e em seu peito no ano passado, quando trabalhavam na residência oficial do governador.

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