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Covid-19: OMS pede dados à China para investigar hipótese de vazamento de laboratório

A pandemia matou pelo menos 4,3 milhões de pessoas e afundou a economia global desde a detecção de seus primeiros casos na cidade chinesa de Wuhan, em dezembro de 2019

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AFP

Publicado em 12/08/2021 às 20:18 | Atualizado em 12/08/2021 às 20:20
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu à China nesta quinta-feira (12) que compartilhe informações sobre os primeiros casos de covid-19, e disse que precisa de "todos os dados" para investigar a teoria de que o novo coronavírus vazou de um laboratório.

"Para analisar a 'hipótese de laboratório' é importante ter acesso a todos os dados, considerar as melhores práticas científicas e observar os mecanismos que a OMS já estabeleceu", disse a agência de saúde da ONU em nota.

A OMS pediu a despolitização da investigação sobre a origem desta pandemia, que matou pelo menos 4,3 milhões de pessoas e afundou a economia global desde a detecção de seus primeiros casos na cidade chinesa de Wuhan, em dezembro de 2019.

A agência da ONU enviou uma equipe internacional de especialistas a Wuhan no início deste ano, que, em uma primeira fase da investigação, concluiu que o vírus provavelmente passou de morcegos para humanos por meio de um animal intermediário.

Em comunicado sobre a próxima fase do estudo, a OMS indicou que é "de vital importância" saber como a pandemia começou.

"A próxima série de estudos incluirá um exame mais aprofundado dos dados brutos dos primeiros casos" em 2019, disse a OMS em um comunicado sobre o andamento da investigação.

"O acesso aos dados é extremamente importante ... e não deve ser politizado de forma alguma", insistiu.

Na primeira fase do estudo, foram estabelecidas quatro hipóteses sobre a origem da pandemia e o vazamento de um laboratório foi considerado "extremamente improvável". Mas depois de ler o relatório, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que as investigações dentro dos laboratórios de Wuhan não foram profundas o suficiente.

O chefe da primeira missão científica da OMS em Wuhan, o dinamarquês Peter Embarek, declarou em documentário da TV pública de seu país exibido nesta quinta-feira que a hipótese do laboratório é "provável". "Um funcionário infectado extraindo amostras é uma das hipóteses prováveis. É ali que o vírus passa diretamente do morcego para o homem", apontou.

Embarek também denunciou as dificuldades de sua equipe para discutir essa teoria com cientistas chineses, e que ela pôde apenas consultar documentos a respeito.

A teoria do laboratório foi promovida pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, mas seu sucessor, Joe Biden, também se mostrou favorável a essa linha de investigação.

O pedido feito pela OMS no mês passado para incluir auditorias nos laboratórios de Wuhan na segunda fase do estudo incomodou Pequim. O vice-ministro da Saúde, Zeng Yixin, disse que o plano era uma "falta de respeito ao bom senso e uma arrogância para com a ciência".

A OMS afirmou que trabalha com diversos países que relataram a detecção do novo coronavírus em amostras biológicas armazenadas em 2019. A Itália, por exemplo, facilitou uma avaliação independente de laboratórios internacionais, que incluía novos testes em amostras de sangue anteriores à pandemia, explicou.

"Compartilhar dados brutos e dar permissão para uma nova análise de amostras não é diferente do que encorajamos todos os países, incluindo a China, a apoiar, para que possamos avançar nos estudos da origem de forma rápida e eficaz", assinalou a agência da ONU.

 


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