Solidariedade

Voluntários se mobilizam na Grécia para cuidar de gatos e cães após incêndios

Grupos de voluntários recolheram animais abandonados em Efnides e outras localidades devastadas

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AFP

Publicado em 14/08/2021 às 4:00 | Atualizado em 14/08/2021 às 4:26
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Sob lonas erguidas às pressas ao norte de Atenas, cerca de trinta voluntários se mobilizam para curar dezenas de gatos e cães abandonados ou esquecidos durante as evacuações pelos incêndios na Grécia. "Hora do banho", grita um jovem voluntário ao mergulhar dois cachorrinhos em uma bacia de água. Exceto para aqueles com queimaduras graves, os animais resgatados são banhados a cada duas ou três horas para resfriar as patas.

Sob as lonas improvisadas instaladas em sete horas ao pé de uma pedreira abandonada nos arredores da capital grega, veterinários voluntários organizaram um espaço de "tratamento intensivo" para os gravemente queimados, cujas feridas precisam de monitoramento contínuo.

"Até agora, recebemos 233 animais", explica Yannis Batsas, presidente da Ação Voluntária dos Veterinários Gregos. "E recebemos cerca de vinte por dia", explica à AFP.

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Os voluntários colocam gelo na tigela dos animais, na tentativa de amenizar o calor - STRINGER / AFP
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Voluntários se mobilizam na Grécia para cuidar de gatos e cães após incêndios - STRINGER / AFP
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Voluntários se mobilizam na Grécia para cuidar de gatos e cães após incêndios - STRINGER / AFP

Dezenas de cidades da aglomeração de Atenas foram evacuadas no início de agosto devido ao avanço das chamas que devastaram florestas e residências trinta quilômetros ao norte da capital.

Nesta região, onde abundam cães e gatos errantes, tanto estes como animais domésticos, foram deixados para trás na fuga precipitada dos seus donos.

Perto das florestas queimadas, a AFP encontrou grupos de voluntários recolhendo animais abandonados em Efnides e outras aldeias devastadas.

Acolhida de animais 

No abrigo ao norte de Atenas, os voluntários se movem entre as gaiolas, colocando gelo nas tigelas, enquanto um ventilador alivia um pouco o calor opressor.

Em meio a um concerto de latidos, cachorros com patas e corpos queimados dão as boas-vindas aos enfermeiras.

Sobre mantos cheios de gelo, vinte cães aguardam calmamente a hora em que seus donos, ou adotantes, venham procurá-los.

"Cerca de 90 animais voltaram para seus donos", disse Elena Dede, fundadora da organização sem fins lucrativos Dog's Voice.

Entre os milhares de voluntários que se apresentaram, principalmente no primeiro fim de semana, muitos concordaram em levar cachorros para casa por cerca de quinze dias.

"Nunca temos mais de cinquenta animais ao mesmo tempo, graças a abrigos e adoções", comemora Yannis Batsas.

"Foram mais de 2.000 pessoas que se apresentaram como voluntárias", disse Elena Dede à AFP, que afirma que "dez toneladas de comida para cães e gatos" foram recolhidas e serão entregues em canis na Ática, no leste da Grécia.

Novo centro em Eubeia? 

A onda de solidariedade observada na capital incentiva os voluntários a abrirem outro centro na ilha de Eubeia, que controlou seus incêndios apenas nesta sexta-feira.

"Uma equipe foi até a ilha de Eubeia para ver as fazendas, as cabras e as ovelhas", explica Yannis Batsas.

Mas "Eubeia, essa é outra história. Temos que ter certeza de que temos a capacidade de responder tão efetivamente quanto aqui", acrescenta Elena Dede.

Nesta ilha a leste de Atenas, o resgate dos animais queimados é complicado. "É preciso levá-los de barco, o que prolonga as viagens", lamenta Irini Tapouti, diretora da clínica veterinária de Calcidia.

Na praia de Pefki, em macas cobertas de cinzas, Roula Papadimitri e sua filha Eva dão os primeiros cuidados, e conforto, a uma dezena de cães salvos das chamas.

Fugindo de Artemísia a pé, mãe e filha deixaram sua casa, mas resgataram mais de dez cães. "Não estávamos planejando ir sem eles", disse Eva. "Como podemos abandonar os cachorros?", pergunta a mãe.

Calmamente, Roula mata a sede dos cães, enquanto um gatinho se esgueira por entre os canídeos.

Roula colocou três cães em gaiolas, temendo que eles fugissem e se colocassem em perigo. "Não vou deixá-los entrar na boca do lobo", acrescenta.

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