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Biden diz que EUA concluirá retirada do Afeganistão até 31 de agosto

"Quanto antes terminarmos, melhor", disse Biden sobre o plano de retirar civis americanos, afegãos e soldados dos Estados Unidos depois que os talibãs tomaram Cabul

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AFP

Publicado em 24/08/2021 às 23:00 | Atualizado em 25/08/2021 às 5:12
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O presidente Joe Biden disse nesta terça-feira (24) que os Estados Unidos querem concluir sua retirada total do Afeganistão em 31 de agosto e devem fazê-lo rapidamente devido ao risco crescente de ataques terroristas.

"Quanto antes terminarmos, melhor", disse Biden sobre o plano de retirar civis americanos, afegãos e soldados dos Estados Unidos depois que os talibãs tomaram Cabul. "Cada dia da operação aumenta os riscos para nossas tropas", acrescentou.

Biden disse ter analisado nesta terça a situação com os líderes do Grupo dos Sete (G7) e que estes concordaram em "manter a colaboração para retirar as pessoas da forma mais eficiente e segura".

"Estamos em vias de concluir em 31 de agosto" a retirada, disse Biden, que tem sido pressionado por vários líderes europeus a prorrogar esta data limite para proteger todos os que querem fugir dos talibãs.

Ele também informou que o cumprimento da data limite de 31 de agosto está condicionado "a que os talibãs continuem cooperando e permitam quem estamos transportando chegar ao aeroporto".

"Pedi ao Pentágono e ao Departamento de Estado planos de contingência para ajustar o calendário, se necessário", disse Biden.

Até agora, os talibãs "têm dado passos para trabalhar junto conosco", disse Biden, assegurando, no entanto, que há "risco agudo e crescente de um ataque de um grupo terrorista conhecido como ISIS-K" ou Estado Islâmico-Khorasan.

"Cada dia que ficamos no terreno é um dia a mais em que sabemos que o ISIS-K está tentando atacar o aeroporto e atacar tanto os Estados Unidos quanto as forças aliadas e civis inocentes", acrescentou.

Tropas lideradas pelos Estados Unidos apressam a retirada de pessoas de Cabul. Biden disse que os Estados Unidos tiraram 70.000 pessoas desde 14 de agosto - na véspera de os talibãs tomarem o poder -, inclusive 6.400 nas últimas 12 horas.

Mais de 4.000 americanos são contados entre os que partiram do aeroporto internacional Hamid Karzai, que atende à capital afegã, disseram funcionários americanos.

Milhares de pessoas de outras nacionalidades foram evacuadas por países europeus, como Alemanha e Reino Unido.

Não será suficiente 

Os talibãs exigiram nesta terça-feira aos afegãs capacitados a ficarem no país e advertiram os Estados Unidos e a Otan que não admitirão prorrogar a data de retirada.

Os Estados Unidos devem parar de levar "afegãos especialistas", como engenheiros e médicos, disse um porta-voz dos extremistas.

"O país precisa de suas capacidades. Não deveriam ser levados a outros países", disse o porta-voz do Talibã, Zabihullah Muhajid, a jornalistas.

Os países europeus afirmaram que não poderiam levar todos os afegãos em risco até 31 de agosto, e Biden recebeu apelos de todos os lados para estender a data.

Muhajid manifestou que os talibãs se opõem a uma extensão.

“Eles têm aviões, eles têm o aeroporto, deveriam tirar seus cidadãos e terceirizados daqui”, disse.

A Alemanha destacou nesta terça que os aliados ocidentais simplesmente não conseguem tirar do país cada afegão que busca proteção até a data limite.

"Mesmo (a evacuação) sendo até 31 de agosto ou alguns poucos dias a mais, não seria suficiente", disse o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas.

A França informou que deveria parar as retiradas a partir do aeroporto de Cabul na quinta-feira se os Estados Unidos mantiverem a data limite e a Espanha advertiu que não conseguiria resgatar a tempo todos os afegãos que trabalharam com suas tropas.

A ministra da Defesa da Espanha, Margarita Robles, declarou que os piquetes dos afegãos nas ruas e a violência dificultam o acesso ao aeroporto para pegar o voo diário da força aérea espanhola.

Líderes europeus do G7 instaram Biden a que as tropas americanas continuem protegendo o aeroporto de Cabul até que todos os afegãos vulneráveis tenham deixado o país.

Muitos afegãos temem que os talibãs repitam sua brutal interpretação da lei islâmica, como fizeram entre 1996 e 2001, quando estavam no poder.

Nesta terça, Muhajid disse que as mulheres que trabalham para o governo afegão devem permanecer em suas casas até que as condições de segurança melhore,

 Ajuda suspensa 

Enquanto isso, o Banco Mundial anunciou a suspensão da ajuda ao Afeganistão e se declarou especialmente preocupado com a situação no país, especialmente com as mulheres.

"Suspendemos as transferências (financeiras) no âmbito das nossas operações no Afeganistão e vigiamos e avaliamos a situação de perto", explicou à AFP uma porta-voz do organismo.

O Banco Mundial tem dezenas de projetos de desenvolvimento em curso no Afeganistão e investiu 5,3 bilhões de dólares no país da Ásia Central, sobretudo em garantias, segundo a entidade.

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