Airbus e Air France serão julgadas por 'homicídio culposo' pela queda do voo Rio-Paris
O voo AF447 caiu no meio do Atlântico em 1º de junho de 2009, a 600 quilômetros de de Fernando de Noronha
A companhia aérea francesa Air France e a fabricante europeia Airbus serão julgadas por "homicídio culposo" pela queda do voo Rio-Paris em 2009, que deixou 228 mortos, depois que a justiça francesa considerou improcedentes seus recursos em uma decisão proferida na quarta-feira e consultada nesta quinta (26) pela AFP.
Esta decisão "encerra 12 anos de procedimentos recheados de esperanças, incertezas, humilhações, mas nunca resignação", reagiu Danièle Lamy, presidente da associação francesa Entraide et Solidarité AF447 (número do voo que fazia o trajeto Rio-Paris), em um comunicado enviado à AFP.
A fabricante e a companhia aérea tinham apresentado um recurso após o anúncio, em 12 de maio, de que seriam reapresentadas perante um tribunal correcional francês por este acidente.
"Toda luz poderá enfim ser lançada sobre (esta) tragédia, a história de uma queda anunciada desde 2008", acrescentou Lamy, que espera "um processo justo, que não esqueça nenhum dos eventuais culpados".
As datas do processo ainda não foram marcadas.
O voo AF447, que fazia o trajeto entre o Rio de Janeiro e Paris, caiu no meio do Atlântico em 1º de junho de 2009, a 600 quilômetros de de Fernando de Noronha.
Os pilotos, desorientados por um falha das sondas anemométricas em plena área de instabilidade meteorológica, não conseguiram compensar a perda de altitude do A330, provocando a morte dos 216 passageiros e 12 tripulantes a bordo. Os destroços e as caixas-pretas foram encontrados mais tarde, a cerca de 4.000 metros de profundidade.
Após um processo de 10 anos, os juízes de instrução franceses tinham se pronunciado pelo encerramento do caso em 2019, antecipando que as investigações não permitiram estabelecer "uma infração dolosa da Airbus ou da Air France ligada (...) às falhas de pilotagem (...) na origem do acidente".
A corte de apelações, ao contrário, considerou que a companhia aérea "se absteve de adotar uma formação adaptada (...) e a informação das tripulações que se impunham" em face à falha técnica encontrada, "o que impediu que os pilotos reagissem como necessário", informou uma fonte próxima da investigação.
A Airbus, por sua vez, "subestimou a gravidade das falhas das sondas anemométricas (...) ao não tomar todas as medidas necessárias para informar urgentemente as tripulações (...) e contribuir para formá-las de forma eficaz", avaliou a corte, segundo esta fonte.