'Extremamente perigoso', furacão Ida toca o solo na Louisiana
Chuvas e ventos fortes já eram sentidos desde a manhã nas ruas desertas de Nova Orleans
O potente furacão Ida, de categoria 4 e com ventos de até 240 km/h, tocou o solo neste domingo (29) na Louisiana pouco após o meio-dia local (14h de Brasília), exatamente 16 anos depois de Katrina devastar esta região do sul dos Estados Unidos.
"Encontre o ambiente mais seguro da sua casa e fique ali até que a tempestade tenha passado", tuitou o governador do estado, John Bel Edwards.
Chuvas e ventos fortes já eram sentidos desde a manhã nas ruas desertas de Nova Orleans, em uma cidade com janelas protegidas com tapumes e sacos de areia à espera deste furacão, catalogado como "extremamente perigoso".
O governador disse que Ida - que ganhou força ao se aproximar da terra firme com as águas quentes do Golfo - seria uma das maiores tempestades a atingir a Louisiana desde a década de 1850.
Por volta do meio-dia local deste domingo, algumas regiões da localidade de Grand Isle, em uma ilha-barreira situada ao sul de Nova Orleans, já começavam a inundar pelo aumento do nível das águas, segundo a CNN.
Em meio às advertências urgentes sobre possíveis danos catastróficos, a maioria dos moradores seguiu as recomendações das autoridades de deixar a região. Um recorde de pessoas engarrafaram as rodovias de saída de Nova Orleans às vésperas da chegada de Ida.
O furacão já fazia sentir seus efeitos terra adentro, com mais de 120.000 pessoas sem energia elétrica ao meio-dia de domingo, segundo o site poweroutage.us. E o nível do mar estava mais de um metro e meio acima do seu nível habitual em vários locais, segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC).
Em uma localidade do leste de Nova Orleans, na manhã de domingo alguns moradores faziam preparativos de última hora.
"Não estou certo de estar preparado", disse Charles Fields, que neste momento ainda levava para dentro de casa seus móveis de jardim, "mas teremos que enfrentá-lo".
"Teste importante"
O governador Edwards advertiu neste domingo que Ida será "um teste importante" para o sistema de prevenção de inundações do estado.
E explicou à CNN que se estimam em centenas de milhares os moradores que deixaram suas casas.
A tempestade "traz várias dificuldades desafiadoras para nós, como os hospitais tão cheios de pacientes com covid", acrescentou.
Este estado do sul, com baixa taxa de vacinação, está entre os mais atingidos pela pandemia. Com 2.700 internações no sábado, as hospitalizações estão perto dos níveis mais altos da pandemia.
Este domingo coincide, ainda, com o 16º aniversário do Katrina, o furacão devastador que inundou 80% de Nova Orleans, deixando 1.800 mortos e bilhões de dólares em danos.
"É muito doloroso pensar em outra tempestade poderosa com o furacão Ida tocando o solo neste aniversário", tinha dito Edwards anteriormente.
Chuvas de 25 a 46 cm são esperadas no sul da Louisiana até a segunda-feira e com volume inclusive um pouco maior em algumas áreas.
Ida e delta
A Casa Branca informou neste domingo que agências federais mobilizaram mais de 2.000 trabalhadores de emergência na região - incluindo 13 equipes urbanas de buscas e resgate - juntamente com abastecimento de comida e água, assim como geradores elétricos.
Autoridades locais, a Cruz Vermelha e outras organizações prepararam dezenas de abrigos para pelo menos 16.000 pessoas, acrescentou a Casa Branca.
Os planos para enfrentar o furacão e ativar os refúgios foram complicados pela covid-19.
O presidente Joe Biden, que declarou estado de emergência em Louisiana, urgiu no sábado que todas as pessoas nos refúgios usem máscaras e mantenham distanciamento de segurança.
Mais furacões
Ida tinha tocado o solo na noite de sexta no oeste de Cuba com categoria 1, causando alguns danos materiais e cortes de energia, segundo o jornal Granma.
Paralelamente, o furacão Nora estava na manhã deste domingo "muito perto" da costa mexicana do Pacífico, após impactar na noite de sábado o estado de Jalisco, onde causou apenas danos materiais.
Nora, de categoria 1 em uma escala que vai até 5, provoca "chuvas fortes e inundações", informou o NHC em seu último boletim.
O governo de Jalisco reportou neste domingo que "foram intensificados os trabalhos de apoio nos municípios costeiros".
O fenômeno continuará se movendo "muito perto e aproximadamente em paralelo à costa do México", acrescentou o NHC, que não descarta uma mudança de direção para a direita, "terra adentro e (que) se dissipe no dia seguinte, mais ou menos".
No fim de semana passado, outro furacão, Grace, impactou a região mexicana de Veracruz (leste) como categoria 3 e provocou a morte de pelo menos 11 pessoas neste estado e no vizinho Puebla (centro).
Os cientistas têm advertido para um aumento no número de fortes ciclones à medida que a superfície do oceano esquenta devido ao aquecimento global, o que representa uma ameaça cada vez maior para as comunidades costeiras em todo o mundo.