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Merkel e Scholz tentam mobilizar eleitores na Alemanha

Afastada por um tempo da disputa eleitoral, a chanceler, que não preparou sua sucessão, não poupa mais esforços para tentar permitir que a união conservadora CDU-CSU obtenha uma vitória inesperada

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AFP

Publicado em 25/09/2021 às 13:58
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A menos de um dia das eleições legislativas na Alemanha, Angela Merkel fez um vibrante apelo, durante seu último comício como chanceler, em favor do candidato conservador Armin Laschet, apontado como perdedor contra o social-democrata Olaf Scholz.

Afastada por um tempo da disputa eleitoral, a chanceler, que não preparou sua sucessão, não poupa mais esforços para tentar permitir que a união conservadora CDU-CSU obtenha uma vitória inesperada. Uma derrota de seu campo mancharia, de fato, o balanço daquela que igualará, com 16 anos na Chancelaria, o recorde de longevidade política de Helmut Kohl.

"A cada quatro anos vocês têm a chance de decidir em nível federal quem deve moldar o futuro em Berlim", disse Merkel em Aachen, ao lado do candidato democrata-cristão, o impopular e desajeitado Armin Laschet.

O ex-jornalista de 60 anos "aprendeu política do zero e dirige este estado da Renânia do Norte-Vestfália como um próspero estado federal", elogiou a chefe do Governo alemão, que corre o risco de ter que lidar com os assuntos correntes nos próximos meses, durante as negociações para a formação de uma nova coalizão.

"É preciso tomar as decisões certas (...) porque trata-se do país de vocês e vocês decidem o futuro governo" que deverá garantir "prosperidade, segurança e paz", ressaltou a dirigente de 67 anos.

Desde a reviravolta que sofreu nas pesquisas, o candidato conservador partiu ao ataque, apelado ao espectro de uma guinada à esquerda com Olaf Scholz, o líder moderado do SPD e ministro das Finanças de Angela Merkel desde 2018.

Centro-Direita

Enquanto a centro-direita sempre obteve mais de 30% dos votos nas eleições nacionais e forneceu ao país cinco dos oito chanceleres do pós-guerra, os conservadores correm o risco, desta vez, de obter seu pior resultado eleitoral.

Nas últimas pesquisas, os sociais-democratas aparecem liderando com cerca de 25% das intenções de voto, contra 21 a 23% dos votos para a CDU/CSU. Mas a diferença diminuiu nesta reta final e Angela Merkel apelou na sexta-feira aos eleitores indecisos.

A queda de Armin Laschet nas pesquisas levou o vice-chanceler Olaf Scholz, de 63 anos, a ser um curinga inesperado. Ele encerrou sua campanha esta tarde em Potsdam, perto de Berlim. Sua postura, que beira o tédio segundo seus detratores, e sua experiência como grande financista tranquilizam os eleitores alemães, que parecem, de fato, buscar o melhor herdeiro para uma chanceler que ainda goza de grande popularidade.

Scholz evitou cometer erros em sua campanha e conseguiu obter apoio popular apresentando-se como o "candidato de continuidade" de Merkel, em vez de Laschet. A popularidade de Merkel, de fato, levou cada um dos candidatos a reivindicar sua proximidade com a chanceler e é um bom presságio para a continuação de um curso centrista e pró-europeu.

Scholz, no entanto, afirmou na sexta-feira que é a cara da "renovação da Alemanha", insistindo que o país "precisa de uma mudança". Uma mudança reivindicada por dezenas de milhares de jovens que protestaram por toda a Alemanha na sexta-feira para exigir ações mais incisivas em favor do clima.

Apesar da importância das questões climáticas, e do trauma do país atingido por enchentes mortais em julho, a causa ambiental não avançou tanto quanto os Verdes esperavam. A candidata dos Verdes, Annalena Baerbock, obteria 15% dos votos, ficando em terceiro lugar, à frente do liberal FDP, com 11%.

Os Verdes devem, no entanto, desempenhar um papel importante na futura coalizão, cuja formação promete ser ainda complexa: exigirá três partidos para suceder à atual "GroKo" (grande coligação) formada pela União CDU/CSU e SPD.

No leque de coalizões possíveis, uma maioria dominada pela esquerda e pelos verdes, ou associando liberais e centro-direita, influenciaria as escolhas de política orçamentária, fiscal e climática do país, e suas orientações diplomáticas.

 


 

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