Crianças brasileiras são deportadas ao Haiti pelos Estados Unidos
Além dos menores de idade brasileiros, outras 182 crianças chilenas estão na mesma situação
Trinta crianças brasileiras, em sua maioria com até três anos de idade, foram deportadas dos Estados Unidos ao Haiti. Uma grave crise migratória levou 15 mil haitianos à cidade que faz fronteira com o México, Del Rio, no Texas. De acordo com a BBC News Brasil, a informação foi dada pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), braço da Organização das Nações Unidas (ONU) dedicada ao monitoramento do fluxo migratório ao redor do mundo.
De acordo com a BBC, as crianças de nacionalidade brasileira estavam acompanhadas de pais haitianos. Os migrantes teriam saído do Brasil em direção ao México, na intenção de entrar no país norte-americano pela fronteira de forma ilegal.
Estima-se que cerca de 3,5 mil pessoas foram deportadas para o aeroporto de Porto Príncipe, no Haiti, pelos EUA, nas últimas semanas. Além dos 30 menores de idade brasileiros deportados, 182 crianças chilenas estão na mesma condição. Os imigrantes tentavam refúgio de uma crise política e econômica que assola o seu país de origem.
A medida de deportação imediata expedida pelo governo Biden vai na contramão das decisões anteriores da própria gestão. Isto porque, em maio de 2021, o Departamento de Segurança Interna americano havia designado aos haitianos o status de proteção temporária no território americano, de 18 meses.
No documento, o secretário de Segurança Interna, Alejandro N. Mayorkas, declarou que o país faria o que pudesse para “apoiar” os cidadãos haitianos até que as “condições do país melhorassem”. “O Haiti está atualmente passando por graves problemas de segurança, agitação social, um aumento nos abusos dos direitos humanos, pobreza avassaladora e falta de recursos básicos, que são agravados pela pandemia covid-19”, disse o secretário Mayorkas.
Crise migratória nos EUA
O país norte-americano já convive com a questão migratória há décadas. Muito se discute sobre as políticas de restrição de fronteiras implantadas pelos EUA, intensificadas desde 2001.
Com isso, desde que decidiu deportar grande parte dos imigrantes haitianos e colombianos do país, nas últimas semanas, os Estados Unidos têm protagonizado cenas de horror e desumanização no trato aos estrangeiros. Em uma das cenas flagradas, é possível ver vários agentes da fronteira montados a cavalo e armados com chicotes, correndo atrás de imigrantes, em Del Rio.
Segundo a imprensa local, os imigrantes cruzavam a fronteira para o México para comprar comida e água, antes de voltar ao acampamento improvisado. "Havia um fluxo contínuo e (os agentes) diziam: 'Não, você não pode entrar. Volte para o México'. Mas as pessoas diziam 'mas minha família está lá'", disse fotógrafo Paul Ratje, da agência de notícias AFP, ao jornal Washington Post.