Cúpula do Clima

COP26: Líderes mundiais se comprometem a deter desmatamento até 2030

A lista de mais de cem signatários reúne rebeldes climáticos como Brasil, Rússia e China, atrasados em seus compromissos contra o aquecimento global, juntamente com países como Costa Rica, Equador, Estados Unidos ou os países da União Europeia

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AFP

Publicado em 01/11/2021 às 22:31 | Atualizado em 01/11/2021 às 22:49
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Mais de cem líderes mundiais reunidos em Glasgow na COP26 se comprometerão na terça-feira (2) a deter e reverter o desmatamento até 2030 com medidas apoiadas por 19 bilhões de dólares de fundos públicos e privados, anunciou nesta segunda-feira (1º) a presidência britânica da cúpula.

"Países que abarcam dos bosques setentrionais do Canadá e da Rússia às florestas tropicais de Brasil, Colômbia, Indonésia e República Democrática do Congo vão apoiar a Declaração dos Líderes de Glasgow sobre as florestas e o uso da terra", antecipou o anfitrião da conferência.

A lista de mais de cem signatários reúne rebeldes climáticos como Brasil, Rússia e China, atrasados em seus compromissos contra o aquecimento global, juntamente com países como Costa Rica, Equador, Estados Unidos ou os países da União Europeia.

Em seu conjunto, "reúnem 85% das florestas do mundo, uma superfície de mais de 13 milhões de milhas quadradas" ou 33,6 milhões de km2, segundo o comunicado.

"Nunca antes tantos líderes, de todas as regiões, representando todos os tipos de florestas, tinham unido forças desta maneira", deve dizer o presidente da Colômbia, Iván Duque, no evento dos cem, segundo trecho divulgado pelos organizadores.

Seu país se comprometerá a legislar para fixar uma meta de desmatamento zero até 2030 e proteger 30% de seus recursos terrestres e oceânicos até esse ano.

Paralelamente a este anúncio dos cem líderes, a fundação americana Ford informou que 1,7 bilhão de dólares serão dedicados especificamente aos povos indígenas.

Esta aliança de cinco países, juntamente com 17 doadores privados, tem como objetivo "apoiar os direitos dos povos indígenas e seu papel como guardiães das florestas e da natureza", explicou em um comunicado.

A Amazônia "não poderá sobreviver" 

Mas o grande anúncio dos cem líderes foi recebido como um balde d'água fria por grupos ambientalistas como o Greenpeace.

"Há uma excelente razão para (o presidente Jair) Bolsonaro se sentir confortável assinando este novo acordo", denunciou Carolina Pasquali, diretora-executiva do Greenpeace Brasil. Ele "permite outra década de destruição florestal e não é vinculante", acrescentou.

"A Amazônia já está no limite e não poderá sobreviver a mais anos de desmatamento. Os povos indígenas pedem que se protejam 80% da Amazônia até 2025, e têm razão, é do que se necessita. O clima e o mundo natural não podem se permitir este acordo", destacou.

Bosques e florestas absorvem quase um terço do CO2 global, emitido pela queima de combustíveis fósseis, mas a cada minuto se perde uma superfície florestal equivalente a 27 campos de futebol, segundo a presidência da COP26.

Por outro lado, 23% das emissões mundiais de CO2 procedem de atividades como o desmatamento e a agricultura e 1,6 bilhão de pessoas - quase 25% da população mundial - dependem das florestas para sua subsistência.

O compromisso de "deter e reverter o desmatamento e a degradação da terra em 2030" inclui um "pacote de compromissos econômicos e políticos sem precedentes", assegurou o governo britânico.

Estas medidas serão apoiadas por um fundo de 12 bilhões de dólares de dinheiro público, aportado por 12 países entre 2021 e 2025, além de 7,2 bilhões de dólares de investimento privado de mais de 30 instituições financeiras mundiais, inclusive gigantes como Aviva, Schroders e Axa.

As medidas devem apoiar atividades em países em desenvolvimento, como a restauração de terras degradadas, a luta contra os incêndios florestais e a defesa dos direitos das comunidades indígenas.

Vinte e oito governos que representam 75% do comércio de produtos básicos chave que podem ameaçar as florestas - como o óleo de palma, o cacau e a soja - devem assinar outra declaração, comprometendo-se a reduzir a pressão sobre as florestas, apoiando os pequenos agricultores e melhorando a transparência das cadeias de abastecimento.

Graças a "estes compromissos sem precedentes, teremos a oportunidade de pôr fim à longa história da humanidade como conquistadora da natureza e nos tornarmos sua guardiã", disse o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

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