CORONAVÍRUS

OMS alerta sobre aumento de hospitalizações por ômicron e risco 'muito elevado' de propagação

'Evidências consistentes mostram que a variante ômicron tem uma vantagem de crescimento sobre a variante delta', pontua a OMS em relatório

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AFP

Publicado em 28/12/2021 às 21:09 | Atualizado em 28/12/2021 às 23:41
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Atualizada às 23h40

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou nesta quarta-feira (28) que o risco de propagação da variante ômicron permanece "muito elevado" e que o número de hospitalizações poderia aumentar, apesar dos primeiros estudos sugerirem que a cepa provoca sintomas mais leves da doença.

China e Europa impuseram novas restrições e uma nova onda de casos confirmados tem marcado o fim de ano na América Latina e no Caribe, que acumula mais de 47 milhões de contaminações confirmadas e cerca de 1,6 milhão de mortes, segundo contagem da AFP baseada em dados oficiais.

O aumento de casos de covid coincide com registros da contagiosa variante ômicron no Panamá, Colômbia, Chile, Argentina, Brasil, Paraguai, Venezuela, México, Cuba e Equador.

"O risco geral relacionado com a nova variante de preocupação ômicron permanece muito elevado", alertou a OMS em seu relatório epidemiológico semanal.

"Evidências consistentes mostram que a variante ômicron tem uma vantagem de crescimento sobre a variante delta com um período de dois a três dias para duplicar-se e aumentos rápidos de casos são vistos em vários países", declarou a OMS em seu relatório epidemiológico semanal.

Na segunda-feira, a especialista Catherine Smallwood, um das principais responsáveis da OMS na Europa, declarou à AFP que a rápida propagação da ômicron, como vem acontecendo em vários países, "provocará um grande número de hospitalizações, principalmente entre os não vacinados".

A especialista em resposta de emergência pediu que os dados preliminares sobre um menor risco de hospitalização foram recebidas "com cautela", já que os casos observados referem-se principalmente "nas populações jovens e saudáveis em países com altas taxas de vacinação".

Os primeiros estudos na África do Sul, Escócia e Inglaterra indicam que a ômicron parece causar menos hospitalizações que a variante precedente.

Os dados, porém, ainda são incompletos e alguns especialistas destacam que uma maior contaminação pode cancelar a vantagem de uma variante menos perigosa.

Diante das incertezas e do recrudescimento de casos no mundo, vários países tentam encontrar o equilíbrio entre minimizar os danos econômicos por novas restrições e controlar a propagação do vírus.

A Administração de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (FDA) alertou que testes caseiros rápidos para covid-19 têm mais probabilidade de apresentar falsos negativos com a variante ômicron em relação a cepas anteriores.

China amplia confinamentos 

A China ordenou que centenas de milhares de moradores da cidade de Yan'an (norte) devem permanecer em casa, depois que mais de 200 casos foram registrados em todo o país, um recorde desde março de 2020.

Os moradores de Yan'an se unem aos 13 milhões de habitantes da cidade próxima de Xi'an, que estão em confinamento há seis dias.

As restrições impostas em Xi'an (os residentes estão proibidos de dirigir seus carros e apenas uma pessoa de cada casa pode sair a cada três dias para comprar alimentos) provocaram muitas ligações para os serviços sociais com pedidos de comida e outros produtos básicos.

Novas restrições na Europa

Na Europa, diversos governos tentam acelerar a aplicação de doses de reforço da vacina e de novas medidas restritivas.

Nesta terça-feira, França, Grécia, Portugal e o Reino Unido registraram novos recordes de contaminações em 24 horas, respectivamente mais de 180.000, 21.000, 17.000 e 129.000. A variante ômicron também se tornou dominante na Suíça e na Holanda.

A Finlândia anunciou que, a partir desta terça-feira, os viajantes estrangeiros não vacinados não poderão entrar no país, nem apresentando um teste negativo.

Na Suécia e Dinamarca, as autoridades exigem que os viajantes não residentes apresentem testes negativos, além de estarem vacinados, assim como na Áustria.

Na França, o governo anunciou que o "passe sanitário" só estará disponível para pessoas totalmente vacinadas e a simples apresentação de um teste negativo não será mais aceito. O documento permite entrada em restaurantes, cinemas e outros locais.

A Alemanha implementará novas restrições nesta terça-feira, incluindo a limitação das reuniões a 10 pessoas entre vacinados e a apenas duas entre não vacinados, o fechamento de casas noturnas e eventos esportivos sem a presença de torcedores.

Mas nem todos aceitaram as novas medidas: na Bélgica, cerca de 5.000 pessoas protestaram no domingo na capital contra a decisão do governo de fechar salas de espetáculos, teatros e cinemas, segundo a polícia.

Além das restrições a pandemia volta a prejudicar setores já abalados, como o de viagens.

Quase 11.500 voos foram cancelados no mundo desde sexta-feira e dezenas de milhares sofreram atrasos em um dos períodos mais movimentados do ano. Muitas companhias aéreas afirmaram que vários funcionários testaram positivos para covid-19.

Nesta terça-feira, o presidente Joe Biden anunciou que em 31 de dezembro os Estados Unidos irão levantar as restrições de viagens impostas a oito países africanos (África do Sul, Botswana, Zimbabwe, Namíbia, Lesoto, Eswatini, Moçambique e Malawi).

"A ômicron é uma fonte de preocupação, mas não deveria ser uma fonte de pânico", declarou Biden.

A pandemia de covid-19 provocou mais de 5,4 milhões de mortes no mundo desde dezembro de 2019, segundo um balanço da AFP com base em fontes oficiais, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que o número real pode ser entre duas e três vezes superior.

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