TECNOLOGIA

EUA atrasam ativação do 5G por medo de interferências em aviões

Agência de aviação continua preocupada com as possíveis interferências entre as frequências usadas pela 5G e instrumentos de voo essenciais para a aterrissagem

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AFP

Publicado em 19/01/2022 às 9:16 | Atualizado em 19/01/2022 às 9:16
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As operadoras de telefonia móvel AT&T e Verizon vão atrasar a ativação da rede 5G em torno de "certos aeroportos" dos Estados Unidos para evitar o potencial "caos", temido por atores do transporte aéreo. AT&T e Verizon tinham previsto ativar a nova tecnologia de internet móvel ultrarrápida em todo o país nesta quarta-feira (19).

Mas a agência americana de aviação, a FAA, continua preocupada com as possíveis interferências entre as frequências usadas pela 5G e instrumentos de voo essenciais para a aterrissagem de aeronaves em certas condições e exigiu alguns ajustes.

Por enquanto, a FAA validou o uso de certos modelos de radioaltímetros e deu seu aval para 48 de 88 aeroportos americanos que estão entre os mais diretamente afetados pelos riscos de interferência, impondo restrições em alguns casos.

Os diretores de dez empresas de transporte aéreo alertaram na segunda-feira para o "caos" em potencial que representaria a ativação perto de alguns aeroportos e pediram às autoridades que intervenham "imediatamente" para evitar "uma importante perturbação operacional para os passageiros, os trabalhadores de transporte, as redes de abastecimento e a entrega de bens médicos essenciais".

Nesse contexto, AT&T e Verizon, que já tinham adiado várias vezes a ativação da 5G desde dezembro, aceitaram adiar temporariamente a ativação das torres de telefonia móvel em volta de certas pistas de aeroportos, ao mesmo tempo em que continuam com o lançamento da rede no resto do país.

A AT&T decidiu, por exemplo, não ativar as torres instaladas em um perímetro de 3,2 quilômetros em tornou dos aeroportos especificados pela FAA.

O presidente Joe Biden agradeceu em um comunicado às duas operadoras por sua decisão, que segundo ele evita perturbar o tráfego aéreo e permite a ativação da imensa maioria das torres de telefonia móvel 5G, elemento essencial para a competitividade do país.

Especialistas da Casa Branca vão continuar trabalhando "sem descanso" com as operadoras de telefonia, as companhias aéreas e as fabricantes de aviões para encontrar "uma solução permanente e funcional em torno destes aeroportos-chave", assegurou.

- Frustração -
A decisão foi tomada para "continuar trabalhando com a indústria aeronáutica e a FAA" e "fornecer-lhes informações mais amplas" sobre esta nova tecnologia, disse a AT&T.

As duas operadoras lamentaram, no entanto, que as autoridades tenham demorado tanto em reagir à ativação da 5G, prevista há pelo menos dois anos.

A FAA e as companhias aéreas do país "não foram capazes de resolver a problemática da 5G em torno dos aeroportos, embora a tecnologia tenha sido ativada de forma segura e eficaz em mais de 40 países", destacou um porta-voz da Verizon em mensagem transmitida à AFP.

"Estamos frustrados com a incapacidade da FAA de fazer o que quase 40 países fizeram, que é ativar com toda a segurança a tecnologia 5G sem perturbar os serviços aéreos", destacou a AT&T em mensagem à parte.

A questão das consequências da ativação da 5G nos Estados Unidos começou a ganhar força em novembro, após a publicação pela FAA de um boletim especial, pedindo às empresas afetadas para compartilhar informações específicas sobre os radioaltímetros, radar que mede a distância que separa o avião do solo e é essencial para pousar de noite ou em caso de visibilidade ruim.

Certas frequências atribuídas a AT&T e Verizon em fevereiro de 2021 ao fim de uma licitação de dezenas de bilhões de dólares, que vão de 3,7 a 3,98 GHz, são de fato próximas às usadas pelos radioaltímetros, que funcionam no espectro de 4,2 a 4,4 GHz.

Embora não haja risco de interferência direta entre as frequências, a intensidade da emissão das antenas 5G ou parte de suas emissões poderiam gerar problemas em certos altímetros.

Em dezembro, as fabricantes de aeronaves Airbus e Boeing também expressaram "preocupação" sobre possíveis perturbações nos instrumentos de seus aviões pela 5G nos Estados Unidos, pois o país escolheu frequências mais próximas das de seus radioaltímetros do que as usadas na Europa e na Coreia do Sul.

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