Estados Unidos acusam Rússia de criar clima de Guerra Fria na Ucrânia e ameaçam com represálias
Qualquer violação pela Rússia da soberania territorial da Ucrânia "nos levaria de volta a uma época perigosa e instável, quando este continente estava dividido em dois (...) com a ameaça de uma guerra total pairando sobre nossas cabeças", disse o secretário de Estado americano, Antony Blinken
Os Estados Unidos alertaram nesta quinta-feira (20) que a Rússia está retomando as perigosas tensões da Guerra Fria ao mobilizar milhares de soldados na fronteira com a Ucrânia e ameaçaram Moscou com novas represálias em caso de invasão.
Qualquer violação pela Rússia da soberania territorial da Ucrânia "nos levaria de volta a uma época perigosa e instável, quando este continente estava dividido em dois (...) com a ameaça de uma guerra total pairando sobre nossas cabeças", disse o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em Berlim.
Blinken se reuniu nesta quinta-feira na capital alemã com seus aliados europeus, na véspera de uma reunião crucial em Genebra com os russos.
A Rússia enviou dezenas de milhares de soldados para a fronteira ucraniana, fazendo temer uma invasão. Moscou nega qualquer intenção de atacar, mas exige que uma desescalada passe por garantias formais para sua segurança.
"Yalta 2"
Blinken e os aliados dos Estados Unidos optaram pela firmeza.
"Qualquer" violação da fronteira ucraniana pela Rússia provocaria uma reação "rápida e severa" dos Estados Unidos, alertou Blinken.
Seu homólogo francês Jean-Yves Le Drian, presente em Berlim, alertou os russos contra o desejo de forjar um "Yalta 2", uma nova repartição das esferas de influência entre o leste e o oeste, 77 anos depois da conferência que projetou a Europa do pós-guerra.
Em Londres, o primeiro-ministro Boris Johnson classificou como "desastre para todo o mundo" uma eventual invasão russa da Ucrânia.
As "invasões menores" não existem, disse por sua vez o presidente ucraniano Volodimir Zelenski, em resposta às polêmicas palavras de seu homólogo americano Joe Biden. Na quarta-feira, Biden gerou confusão ao afirmar que uma "invasão menor" da Rússia poderia provocar uma resposta mais modesta dos aliados da Otan.
A Casa Branca esclareceu depois essas palavras, prometendo uma "resposta rápida, severa e unida" dos Estados Unidos e seus aliados caso a fronteira ucraniana seja atravessada pelas forças russas.
Horas mais tarde, Biden afirmou que qualquer invasão de tropas russas na Ucrânia seria considerado como uma "invasão" e que levaria a "uma resposta econômica dura e coordenada" abordada com seus aliados.
Nesta quinta-feira, os Estados Unidos impuseram sanções a quatro ucranianos, entre eles dois deputados, acusados de trabalhar com os serviços secretos russos (FSB) e de "atividades desestabilizadoras" na Ucrânia.
Antony Blinken espera, porém, encontrar uma porta de saída diplomática para as crescentes tensões entre Kiev e Moscou.
Na quarta-feira, durante uma visita de apoio à Ucrânia, pediu ao presidente russo Vladimir Putin para optar por uma "via pacífica"
Mas a Rússia respondeu nesta quinta-feira anunciando exercícios navais em massa em janeiro e fevereiro no Atlântico, no Ártico, no Pacífico e no Mediterrâneo.
E, pouco antes, o Kremlin denunciou os comentários "desestabilizadores" de Joe Biden sobre Ucrânia, depois que o presidente americano prometeu uma resposta "severa" em caso de um ataque militar russo contra Kiev.
Diante da reunião crucial que Blinken terá na sexta-feira com seu homólogo russo Serguei Lavrov, o secretário de Estado americano afirmou que "temos que ver onde nós estamos" e "se restam oportunidades para continuar com a diplomacia".