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Em crise com Rússia, Estados Unidos vão enviar reforços militares ao leste europeu

Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (2) o envio de 3.000 soldados ao leste europeu para defender os países da Otan "contra qualquer agressão", em um momento em que os ocidentais intensificam as advertências à Rússia, à qual acusam de querer invadir a Ucrânia.

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AFP

Publicado em 02/02/2022 às 18:29 | Atualizado em 02/02/2022 às 23:29
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Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (2) o envio de 3.000 soldados adicionais ao leste europeu para defender os países da Otan "contra qualquer agressão", em um momento em que os ocidentais intensificam as advertências à Rússia, à qual acusam de querer invadir a Ucrânia.

O Pentágono confirmou que vai transferir mil soldados da Alemanha para a Romênia, enquanto outros 2.000 vão viajar dos Estados Unidos ao leste europeu, principalmente para a Polônia.

As tropas se somam aos 8.500 militares em prontidão desde o fim de janeiro por Washington para ser mobilizados como parte da Força de Resposta Rápida da Otan caso seja necessário.

"Estas mobilizações são uma mensagem inequívoca que enviamos ao mundo de que estamos prontos para tranquilizar nossos aliados da Otan e decididos a defendê-los contra qualquer agressão", disse à imprensa o porta-voz do Departamento da Defesa dos Estados Unidos, John Kirby.

No entanto, trata-se apenas - assegurou - de reforçar o "flanco oriental" da Aliança Atlântica.

Moscou denunciou este reforço militar americano como um passo "destrutivo" da busca de soluções diplomáticas para as tensões na região.

O anúncio do envio de 3.000 soldados americanos para a região é uma decisão "injustificada, que aumentará a tensão e reduzirá o espaço para as decisões políticas", afirmou o vice-chanceler russo, Alexander Grushko, citado pela agência de notícias russa Interfax.

"Não combater na Ucrânia"

"Estas forças não vão combater na Ucrânia", que não é membro da Otan, disse John Kirby, destacando que se tratava de uma nova mobilização temporária.

"Não acreditamos que o conflito seja inevitável", insistiu, reiterando que a diplomacia americana tinha oferecido à Rússia "um caminho para a distensão".

A Rússia é acusada pelos ocidentais de planejar uma invasão da Ucrânia, sua vizinha pró-Ocidente, em cujas fronteiras concentrou cerca de 100.000 militares há semanas.

Para "dissuadir" o presidente russo, Vladimir Putin, de passar à ofensiva, os americanos e os europeus ameaçam Moscou com sanções econômicas "sem precedentes" e apoio militar a Kiev. O presidente americano, Joe Biden, também se disse disposto a enviar reforços para o "flanco leste" da Otan, exatamente o que os russos não querem.

A Rússia nega planejar uma invasão e afirma que só quer garantir sua segurança. Mas acredita que uma desescalada desta crise só é possível se for posto um fim à política de ampliação da Otan e com a retirada de suas capacidades militares do leste europeu.

Enquanto os esforços diplomáticos avançam em paralelo para tentar superar a crise, o Kremlin reivindicou nesta quarta-feira o apoio da China às suas exigências sobre a questão da segurança frente ao Ocidente antes de um encontro entre Putin e Xi Jinping.

O presidente russo se reunirá com seu contraparte chinês por ocasião da abertura, na sexta-feira, dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim.

"Preparou-se uma declaração comum sobre a entrada das relações internacionais em uma nova era", disse Yuri Ushakov, conselheiro diplomático do presidente russo.

Ushakov assegurou que a China apoia as reivindicações da Rússia "na questão da segurança"; uma lista de exigências dirigida aos Estados Unidos e à Otan para aliviar as tensões sobre a Ucrânia e que os ocidentais têm refutado. Ao fim de janeiro, o governo chinês tinha pedido que estas demandas fossem levadas a sério.

Putin à espera

Acaso ou não, a Rússia fez a guerra com a Geórgia, outra antiga república soviética pró-ocidental, durante os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

Putin, que tem previsto falar por telefone nesta quarta com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, acusou na terça-feira o Ocidente de ignorar as preocupações de Moscou sobre a segurança. Mas também disse esperar "uma solução".

O jornal espanhol El País publicou detalhes das respostas americanas às demandas russas, que não foram desmentidas.

Nelas, os Estados Unidos propõem que os rivais prometam não mobilizar meios militares ofensivos na Ucrânia, que a Rússia inspecione certas infraestruturas militares que a preocupam na Europa e que os dois países acordem medidas de controle de armas.

Os Estados Unidos também dizem estar dispostos a discutir a "indivisibilidade da segurança". O Kremlin se baseia neste contexto para exigir a retirada da Otan de sua vizinhança, argumentando que a segurança de uns não pode ser obtida às custas da de outros, apesar do direito de cada Estado - e, portanto, da Ucrânia - de escolher suas alianças.

Moscou prepara atualmente sua resposta formal.

Dirigentes europeus continuam visitando a Ucrânia para apoiar o aliado: nesta quarta, o chefe do governo holandês, Mark Rutte, foi recebido pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, no dia seguinte à visita dos primeiros-ministros de Reino Unido e Polônia.

Na quinta-feira, é esperado em Kiev o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, cujo país fornece drones de combate à Ucrânia.

Após anos de relativa escassez, o exército ucraniano tem recebido nas últimas semanas armas do Ocidente, o que tem sido denunciado por Moscou.

"Estas armas são para a defesa, só estamos pensando na paz", assegurou Zelensky, alertando o Kremlin, no entanto, que em caso de ataque, os ucranianos não vão ceder territórios, "não importa a que preço".

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