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Putin acusa Ocidente de ameaçar Rússia e avalia reconhecer independência de separatistas na Ucrânia

Prioridade de Moscou não é "confronto, mas segurança", disse o presidente russo durante uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da Rússia

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AFP

Publicado em 21/02/2022 às 14:47
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O presidente russo, Vladimir Putin, acusou nesta segunda-feira (21) as potências ocidentais de usar a crise na Ucrânia para "ameaçar" a segurança da Rússia, dizendo que decidirá "hoje" se reconhece a independência das duas regiões separatistas pró-Rússia no leste.

Mais uma vez, Putin acusou o Ocidente de "usar a Ucrânia como instrumento de confronto com nosso país", o que "representa uma séria ameaça, muito importante para nós".

A prioridade de Moscou não é "confronto, mas segurança", acrescentou o presidente durante uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da Rússia.

As declarações do chefe de Estado vêm depois de a Rússia anunciar nesta segunda-feira que suas forças de segurança eliminaram dois grupos de sabotadores ucranianos que haviam penetrado em seu território e acusar a Ucrânia de ter bombardeado um posto de fronteira, declarações que nega.

"Esta noite, dois grupos de sabotadores do exército ucraniano foram para a fronteira russa (...) Durante os confrontos, os dois grupos de sabotadores foram atingidos. Um dos militares ucranianos foi capturado", disse o chefe do Serviço Federal de Segurança Russo (FSB), Alexander Bortnikov, durante a reunião do Conselho de Segurança.

Os países ocidentais temem que a intensificação dos combates nos últimos dias no leste da Ucrânia com separatistas pró-Rússia seja utilizada como pretexto por Moscou, que enviou 150.000 soldados para a fronteira ucraniana, para invadir o país vizinho.

Paralelamente, os líderes dos dois territórios separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, Denis Pushilin, da DNR (República Popular de Donetsk) e Leonid Pasechnik, da LNR (República Popular de Lugansk) pediram ao presidente russo nesta segunda-feira que reconheça sua independência e ative uma "cooperação de defesa".

"Ouvi seus pontos de vista, a decisão será tomada hoje", disse Putin a membros de seu Conselho de Segurança ao final de uma reunião transmitida pela televisão russa.

O cruzamento de acusações entre Kiev e Moscou mina os esforços dos líderes europeus para encontrar uma solução diplomática, que instam Putin a realizar uma cúpula com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

A presidência francesa havia anunciado uma cúpula entre Putin e Biden no domingo, mas o Kremlin descreveu a ideia como "prematura".

No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, disse que se reunirá com seu colega americano, Antony Blinken, na quinta-feira.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, deve conversar com Putin por telefone hoje. Por sua vez, a Casa Branca considera que a invasão da Ucrânia é iminente e acusa a Rússia de tentar "esmagar" o povo ucraniano.

Uma operação militar russa seria "particularmente brutal" e "custaria a vida de ucranianos e russos, sejam civis ou soldados", disse o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan.

Moscou nega ter planos de invadir a Ucrânia, mas exige garantias de que essa ex-república soviética jamais se juntará à Otan e o fim da expansão dessa aliança para suas fronteiras. Suas demandas até agora foram rejeitadas pelo Ocidente. 

"Em 21 de fevereiro, às 9h50, um obus de tipo não identificado disparado do território da Ucrânia destruiu o posto de serviço dos guardas de fronteira na região de Rostov, a uma distância de cerca de 150 quilômetros da fronteira russo-ucraniana", relatou o FSB (serviço de inteligência), citado pelas agências russas de notícias.

O exército ucraniano negou qualquer bombardeio no território russo e acusou Moscou de divulgar "informações falsas".

Kiev afirmou que registrou 14 bombardeios dos rebeldes pró-Rússia no leste da Ucrânia, que deixaram um soldado ferido.

Os separatistas informaram a morte de três civis nas últimas 24 horas, assim como a explosão de um depósito de munições na região de Novoazovsk, sobre o qual acusaram "sabotadores ucranianos".

Não foi possível confirmar as informações com fontes independentes.

As autoridades das duas "repúblicas" pró-Rússia" ordenaram a mobilização dos homens em condições de combater e a transferência de civis para a Rússia. Moscou informou nesta segunda-feira que 61.000 pessoas deixaram a região.

"É a guerra, a verdadeira", disse Tatiana Nikulina, de 64 anos, que está entre os evacuados da região de Donetsk para a cidade russa de Taganrog.

Os separatistas pró-Rússia que lutam contra Kiev mantêm um conflito no leste do país que provocou mais de 14.000 mortes desde 2014, agravado após a anexação da Crimeia ucraniana pela Rússia.

Os países ocidentais ameaçaram impor sanções econômicas devastadoras em caso de ataque russo contra a Ucrânia.

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