Rússia sofre embargo petroleiro e ucranianos fogem de cidades bombardeadas
Os Estados Unidos decidiram nesta terça-feira (8) suspender as importações de petróleo russo, em novas sanções contra o país pela invasão à Ucrânia, onde milhares de pessoas tentam deixar as cidades bombardeadas
Os Estados Unidos decidiram nesta terça-feira (8) suspender as importações de petróleo russo, em novas sanções contra aquele país pela invasão à Ucrânia, onde milhares de pessoas tentavam deixar as cidades bombardeadas.
Os civis começaram a ser retirados a conta-gotas hoje da cidade ucraniana de Sumy, fronteira com a Rússia, em uma nova tentativa de instaurar corredores humanitários para que as pessoas cercadas pelos bombardeios possam ficar em segurança.
Os bombardeios aéreos contra essa cidade, que fica 350 km ao nordeste de Kiev e é cenário de violentos combates há vários dias, mataram 21 pessoas - incluindo duas crianças - na segunda-feira à noite, segundo o Ministério Público regional.
Dezenas de ônibus saíram de Sumy com destino a Lokhvytsia, 150 km ao sudoeste, informou o governador interino, Dmitry Lunin. Horas depois, o ministério ucraniano da Defesa acusou a Rússia de não respeitar o corredor humanitário em Mariupol, uma cidade portuária estratégica do sul do país: "O inimigo executou um ataque exatamente na direção do corredor humanitário", denunciou o ministério.
A Rússia havia anunciado um cessar-fogo para permitir a saída dos civis das grandes cidades ucranianas. Mas boa parte das vias de evacuação propostas por Moscou passam pela Rússia e sua aliada Belarus, o que é inaceitável para Kiev. O Exército russo anunciou uma nova trégua humanitária a partir das 9h locais desta quarta-feira.
Em resposta à repressão russa, países ocidentais impuseram sanções sem precedentes contra empresas, bancos e magnatas daquele país.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, decretou um embargo às importações norte-americanas de petróleo e gás russos. Já o Reino Unido deixará de importar petróleo e derivados russos até o fim de 2022. A União Europeia, que depende em boa parte do gás natural e do petróleo russos, recusou-se a aprovar um embargo semelhante.
Luta até o fim
As tropas russas prosseguem com o avanço ao redor das grandes cidades, o que inclui bombardeios em alguns casos, segundo autoridades ucranianas.
Putin ordenou a invasão alegando querer proteger a população de língua russa dos territórios rebeldes do leste da Ucrânia, que lutam contra Kiev desde 2014.
O chefe de Estado da Rússia exige a desmilitarização da Ucrânia, um status neutro para o país, atualmente inclinado ao Ocidente, e garantias de que Kiev nunca integrará a Otan.
Segundo o balanço mais recente das Nações Unidas, o número de civis mortos pela invasão é de 406. O Pentágono estimou que entre "2.000 e 4.000 soldados russos" morreram desde o início da ofensiva.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse à rede de TV americana ABC que não insistirá mais em ingressar na Otan e que está pronto para assumir "compromissos" envolvendo o status dos territórios separatistas, cuja independência Putin reconheceu antes de lançar a invasão.
No entanto, em videoconferência com deputados ingleses, Zelensky citou Winston Churchill em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, e afirmou: "Lutaremos até ao fim, no mar, no ar".
Bombardeios diários
Em Mikolaiv, perto de Odessa, no sul, carros formaram filas de vários quilômetros, enquanto os combates avançavam.
Em frente ao hospital central da cidade, Sabrina, 18 anos, esperava a mãe, carregando um gato, um cachorro e várias malas. "Vamos deixar a cidade o mais rápido possível. Todos os dias há bombardeios, é aterrorizante", disse ela.
A Justiça alemã anunciou que investiga possíveis crimes de guerra na Ucrânia. Pouco depois, a promotoria espanhola fez um anúncio semelhante, anunciando a abertura de uma investigação sobre "graves violações do direito internacional humanitário" derivadas do "ato de guerra injustificados" cometido pela Rússia na Ucrânia.
O Tribunal Penal Internacional (TPI) abriu na semana passada uma investigação sobre o tema e o governo dos Estados Unidos afirmou que tem informações "muito confiáveis" sobre crimes de guerra cometidos pela Rússia.
Petróleo dispara
O preço do petróleo voltou a disparar nesta terça-feira: o barril do Brent subiu mais de 5%, a 130 dólares.
Durante o dia, o grupo anglo-holandês Shell anunciou que planeja se afastar do petróleo e gás russos, "gradualmente" e de acordo com as "novas diretrizes do governo" britânico em resposta à invasão russa da Ucrânia.
A bolsa de metais de Londres (LME) suspendeu a negociação de níquel de maneira temporária, depois que o preço superou por alguns minutos US$ 100.000 por tonelada, diante do risco de escassez caso a Rússia não consiga exportar sua produção.
A rede de lanchonetes americana McDonald's irá fechar temporariamente suas 850 lojas na Rússia, seguindo os passos de várias multinacionais que decidiram se distanciar de Moscou.